A divisão entre direita e esquerda na Câmara fica evidente nas listas de apoiadores de duas propostas de emendas à Constituição que têm gerado muito barulho nos últimos dias: a que aumenta a isenção tributária de igrejas e templos e a que a acaba com a jornada de seis dias trabalhados por um de folga.

No caso da PEC das igrejas, a proposta apresentada por Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) tem apoio massivo de partidos conservadores e dos que integram o Centrão.

Foi assinada pelos 93 deputados do PL, por 53 do União Brasil, 41 do Republicanos, 37 do PP, 31 do PSD e 30 do MDB. Foi respaldada por apenas seis do PT, sete do PSB, oito do PDT, dois do PCdoB — nenhum dos 13 do Psol a apoiou.

A situação é oposta em relação à PEC do 6x1. Conta com respaldo de todos os deputados do Psol, PT (68) e PCdoB (7). O PDT e o PSB entraram, cada um, com 13 assinaturas (têm, respectivamente, 18 e 14 membros). Apenas um do PL, Fernando Rodolfo (PE) a apoia.

O União entrou com 20 assinaturas; o PP com dez; o Republicanos, com sete. Na bancada do PSD foram 15 assinaturas; na do MDB, 13. O número deve aumentar na medida em que a PEC ganha apoio. O senador Cleitinho (Republicanos-MG) já levantou a bandeira contra a 6x1.

Na casa de ferreiro petista, o espeto de pau feriu o contracheque dos jornalistas da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) que, em outubro, fizeram uma greve de 12 dias.

A empresa determinou o desconto de, pelo menos, sete dias de trabalho. A EBC é uma empresa pública federal, ligada à Casa Civil da Presidência da República.

A greve foi em protesto contra pontos do Plano de Cargos e Remunerações — os jornalistas alegavam distorções na proposta e conseguiram isonomia salarial para cargos de nível superior.

O corte salarial havia sido autorizado pela Justiça, mas os prejudicados prometem recorrer.

O juiz Antonio Maria Patiño Zorz mandou intimar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito reeleito da capital, Ricardo Nunes (MDB) e o vice-prefeito eleito, Ricardo de Mello Araújo. Todos são alvos de ação de Guilherme Boulos (Psol).

O psolista alega que Tarcísio cometeu abuso de poder político no dia do segundo turno da eleição. Em entrevista coletiva, o governador citou suposta ordem do PCC para que Boulos fosse votado. O juiz determinou que os intimados apresentem suas defesas.

Não bateu bem na Câmara a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, de determinar que o Congresso Nacional dê explicações para supostas irregularidades cometidas na aplicação de recursos de emendas parlamentares ao Orçamento da União.

Ficou a suspeita de que Dino estica a corda no momento em que o Congresso tenta encontrar uma saída para dar mais transparência ao mecanismo — uma exigência do próprio ministro. A Controladoria-Geral da União viu problemas que chegam a R$ 482 milhões.