Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Atentado joga discussão da anistia para 2025

Para Sóstenes, é preciso deixar o tema esfriar | Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Provável futuro líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ) disse ao Correio Bastidores que o atentado da última quarta-feira jogará para o próximo ano a discussão sobre anistia a acusados e condenados por atos golpistas.

Segundo ele, o fato que gerou uma comoção obriga a uma mudança no "timing" do andamento da proposta — é preciso deixar o assunto esfriar um pouco.

Sóstenes afirmou que, antes das explosões, havia a expectativa de que o tema fosse resolvido ainda na gestão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara. Franco favorito para comandar a Casa a partir de fevereiro, Hugo Motta (Republicanos-PB), já lhe dissera que o assunto deveria andar com alguma rapidez.

 

Exagero

Apesar da mudança no calendário, Sóstenes afirmou acreditar que a anistia será aprovada. Para ele, mesmo deputados e senadores que não se classificam como de direita consideram exageradas as penas de até 17 anos de prisão impostas aos condenados.

Sem integrantes

No dia 29 de outubro, Lira alterou a tramitação do projeto: o levou para uma comissão especial que, na prática, ainda não foi criada. Os partidos precisam indicar deputados que irão integrá-la. A ação terrorista da semana passada atrasa ainda mais o processo.

Ministros indicam que serão duros com Bolsonaro

Barroso classificou de criminosas falas contra urna | Foto: Antônio Augusto/STF

Já se esperava uma declaração pesada do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sobre o atentado cometido pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz.

Mas o tom dos pronunciamentos do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e do ministro Gilmar Mendes evidenciaram que não será fácil, na corte, a vida do ex-presidente Jair Bolsonaro e de ex-integrantes de seu governo também suspeitos de envolvimento com a intentona de 8 de Janeiro.

Barroso classificou de "criminosamente mentirosa" a afirmação de que teria havido fraude na eleição de 2022 — falas que, segundo ele, insuflaram manifestantes.

Sequestro

Mendes disse que "o discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram largamente estimulados pelo governo anterior". Falou em sequestro de símbolos e feriados nacionais e que o 7 de Setembro de 2021 foi usado para ameaçar o STF.

Atos e fatos

Os dois fizeram questão de não tratar o ato da semana passada como um fato isolado. Relataram uma série de outras ações desenvolvidas a partir de 2022, como tentativa de invasão da Polícia Federal e de explosão de um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília.

Reação

Os três ministros foram unânimes ao condenar a possibilidade de anistia aos envolvidos em tentativas golpistas. Isso gerou uma reação de Sóstenes que, no Twitter, sem citar o STF ressaltou que nenhum outro poder pode tutelar o Congresso Nacional.

Canetas pesadas

Para ele, "qualquer autoridade que queira agir como tutor dos Congressistas não é uma amante da DEMOCRACIA!". Muita gente na Câmara e no Senado pensa assim, mas os atentados direcionados ao STF só pioram o peso da caneta dos ministros na hora de julgar.