Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Defesa de Tarcísio transcreve com erro frase sobre Boulos

Trecho em que a defesa reproduz com erro frase do governador | Foto: Reprodução/TRE-SP

Os advogados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), encaminharam à Justiça transcrição errada de trecho de entrevista que, no dia do segundo turno, ele concedeu logo depois de votar.

Na entrevista, registrada em vídeos, uma repórter cita que a candidata do PL a prefeita de Santos (SP), Rosana Valle, emitira um comunicado dizendo que carta atribuída ao PCC recomendara que ela não fosse votada.

Tarcísio interrompeu a jornalista e afirmou: "Isso aconteceu aqui também com o Ricardo (Nunes, do MDB). Disseram que era pra votar no outro (Guilherme Boulos)". Na transcrição, a segunda frase virou "Disseram que não era para estar votando hoje". O governador apoiou Nunes, que foi reeleito.

 

Iniciativa

Com a mudança, o documento — a defesa de Tarcísio — enviado ao Tribunal Regional Eleitoral omite que o governador é que tomou a iniciativa de dizer que, segundo documentos supostamente apreendidos pela polícia, o PCC determinara o voto em Boulos.

Abusos

Ainda na tarde do dia 27, quando houve o segundo turno, a campanha do Psol recorreu ao TRE, alegou que, ao citar documentos sigilosos da polícia no dia da eleição, com as urnas abertas, Tarcísio cometera abuso de poder político e de meios de comunicação.

Advogados afirmaram que fato foi revelado por portal

Tarcísio diz que PCC orientara voto em Boulos | Foto: Reprodução/TV Cultura

O advogados Ricardo Penteado e Eduardo Miguel Carvalho alegam que o fato de o portal Metrópoles ter, na véspera, publicado os supostos bilhetes do PCC descaracterizaria um eventual crime eleitoral de Tarcísio, já que a informação era pública.

Segundo eles, a reportagem "serviu de base para o questionamento feito pelos jornalistas". Acrescentaram: "(...) foi o interesse jornalístico que dominou a entrevista e o assunto que passou a ser tratado não foi trazido pelo peticionário (...)".

A transcrição da entrevista anexada pelos advogados ação mostra, porém, que a matéria do Metrópoles não foi citada por repórteres.

 

Comunicado

Segundo a transcrição, a jornalista citou apenas o comunicado emitido por Rosana Valle. Tarcísio, então, fez o comentário que seria alterado na defesa entregue ao TRE. Depois, houve um pedido para que ele detalhasse o que afirmara sobre o caso PCC na capital.

'Boulos'

Na resposta, Tarcísio falou que houvera um "salve" do PCC interceptado por uma "ação de inteligência": uma determinação de voto para determinadas pessoas em áreas e comunidades. Novamente questionado sobre quem era o candidato indicado, ele disse: "Boulos".

Punições

A ação de Boulos pede inegibilidade de Tarcísio e cassação dos diplomas de Nunes e do vice eleito, Mello Araújo (MDB) — eles têm os mesmos advogados do governador. A lei prevê punição também para candidatos beneficiados por abusos praticador por terceiros.

Governo

A jurisprudência não leva em conta se o abuso teve influência no resultado do pleito, mas se foi reprovável e se afetou a normalidade da eleição. A coluna procurou o governo paulista no fim da manhã de ontem — foi informada de que só hoje será enviada uma resposta.