Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | PEC do Aborto complica reprodução assistida

CCJ aprovou admissibilidade da proposta | Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A proposta de emenda constitucional que torna ilegais até os casos de aborto permitidos por lei tem potencial de inviabilizar a fertilização in vitro no país.

Isto porque esta técnica prevê a criação, por ciclo, de até oito embriões, dos quais até três são implantados no corpo da mulher. Outros são congelados ou descartados.

A PEC, de autoria do ex-deputado Eduardo Cunha, inclui na Constituição que a vida será protegida "desde a concepção".

Médica, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) diz que, caso aprovada, nada impedirá um questionamento da legalidade da fertilização artificial, já que os embriões não utilizados poderiam ser considerados como resultado de uma concepção.

 

Células-tronco

Dados do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio) apontam que, no ano passado, foram realizados no Brasil 56.821 ciclos de fertilização. A deputada lembra que a PEC, caso seja aprovada, também inviabiliza pesquisas com células-tronco.

Ilegalidade

Jandira frisou que o mais grave é a criminalização de abortos por estupro, risco de vida para a mulher e anencefalia fetal. A admissibilidade da PEC foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Agora, deve ser criada uma comissão para analisá-la.

Fazenda quer impedir aviões com isenção fiscal para igrejas

Haddad tenta diminuir benefícios | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

E por falar em PEC. A que prevê o aumento da isenção fiscal para igrejas só deverá voltar a ser discutida na próxima semana no plenário da Câmara.

O Ministério da Fazenda, que quer amenizar o tamanho do benefício, alegou estar até sexta-feira muito enrolado com o pacote que prevê cortes no orçamento.

Entre outros pontos, o governo quer, por exemplo, evitar que aviões possam ser comprados por igrejas sem pagamento de impostos.

Expoente da bancada evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) diz que é preciso negociar já que a PEC precisa de votos governistas para conseguir ser aprovada.

Esquecida

O indiciamento de 37 pessoas acusadas de articulação de golpe de Estado fez com que fosse esquecido, pelo menos temporariamente, o projeto que prevê anistia para os que botaram pra quebrar. Praticamente, só Jair Bolsonaro e seus filhos falam no tema.

Olho vivo

Com dezembro logo ali, deputados e senadores tratam de esticar o olho na direção do Supremo Tribunal Federal. Querem saber se o ministro Flávio Dino vai liberar o pagamento de emendas parlamentares, suspenso desde agosto por falta de transparência.

Noite infeliz

O Congresso aprovou uma regulamentação das emendas, o presidente Lula transformou o projeto em lei, mas ninguém sabe se Dino vai considerar o texto razoável e, assim, liberar o pagamento da dinheirama. Muita gente teme ficar sem o mimo do Papai Noel.

Sem dados

Além da nova lei há um outro problema: Câmara e Senado ainda não cumpriram uma exigência feita pela então ministra Rosa Weber. Ela determinou o detalhamento de emendas liberadas entre 2020 e 2022. O Congresso alega dificuldades para conseguir os dados.