Uma análise que corre entre aqueles partidos que estão de bem com os palácios do Planalto e dos Bandeirantes ajuda a explicar o açodamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defender Jair Bolsonaro no caso da investigação da Polícia Federal.

Na avaliação deles, o gesto de Tarcísio está relacionado às eleições de 2026 — será candidato à reeleição ou à Presidência. Uma eventual briga sua com o bolsonarismo fará com que este poderoso grupo ameace pular de vez o alambrado em direção de Pablo Marçal.

Assim, para o governador, seria fundamental manter boas relações com o ex-presidente e com seu entorno — pelo menos, enquanto as condenações não chegam.

A mesma lógica tem sido adotada, em diferentes tons de adesismo, pelos tais partidos que estão no governo e que volta e meia olham pra porta de saída. Melhor terceirizar o problema para a Procuradoria-Geral da República e para o Supremo Tribunal Federal.

Esse povo que sempre sabe a direção dos ventos avalia que é bom ir devagar com a louça quando se trata da PF, PGR e do STF. O teor do relatório sobre a tentativa golpista, com indiciamento de Bolsonaro e de generais, mostra que ninguém está de brincadeira.

Felizes da vida com o título da Libertadores conquistado na véspera, torcedores do Botafogo que embarcaram domingo na travessia entre Buenos Aires e Colônia de Sacramento, no Uruguai, receberam um bonus track: a presença, no barco de Loco Abreu, herói do título estadual de 2010.

Ele até procurou ser discreto, sentou-se numa poltrona na primeira fila do deck superior. Mas bastou ser reconhecido para que parte dos passageiros recuperasse o grito com que o atacante era saudado nos estádios: "Uh, El Loco, uh!". Simpático, o hoje treinador do Dorados de Sinaloa, do México, posou para fotos e deu muitos autógrafos.

El Loco assistiu ao jogo na condição de convidado da Conmebol, organizadora do evento. O argentino Germán Herrera, seu antigo companheiro de ataque no Botafogo, manteve o estilo raiz que o caracterizava em campo: foi ao estádio na arquibancada.

Muitos botafoguenses que passaram por Montevidéu no caminho para Buenos Aires evitaram circular por lá com a camisa do time. Temiam hostilidades de torcedores do Peñarol que ainda estivessem irritados com prisões de colegas no Rio — ainda há dois em cana.

Pouco assediado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) saiu do Monumental de Núñez com uma bandeira do Botafogo no pescoço. Foi irônico quando o Correio lhe perguntou se o título da Libertadores era a única boa notícia em uma semana pra sua família.

O parlamentar, que estava misturado entre os torcedores, deu um leve sorriso e disse: "Esses caras ainda vão nos eleger" — ele não quis especificar quem seriam os caras, mas ficou evidente a referência a responsáveis pelas investigações que atingem seu pai.