Um experiente neurocirurgião ouvido pelo Correio Bastidores disse que o presidente Lula (PT) correu "risco iminente de morte" antes da primeira cirurgia no cérebro a que foi submetido, na madrugada do último dia 10, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Isto porque a pressão intracraniana causada pelo acúmulo de sangue estava muito forte.

O médico, que pediu para não ser identificado, relatou que a emergência impediu que a segunda intervenção, realizada na manhã de ontem, ocorresse simultaneamente à primeira.

Ele explicou que a nova cirurgia foi necessária para evitar o risco de "recidiva do hematoma", ou seja, de ocorrência de um futuro sangramento no cérebro.

Segundo o neurocirurgião, um novo sangramento foi o que gerou a segunda intervenção no ator Tony Ramos. Ele foi internado e operado de emergência no dia 16 de maio deste ano — três dias depois, teve que passar por outra cirurgia para drenar novos hematomas.

Os tempos são outros, Lula não é Tancredo Neves, as informações sobre a saúde de presidentes ficaram mais confiáveis — mas quem viveu o drama de 1985 não deixa de pensar no que ocorreu na época. Tancredo morreu aos 75 anos, era quatro anos mais novo que Lula.

As cirurgias a que Lula foi submetido e as pesquisas das Quaest que tratam de sucessão presidencial e da avaliação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), embolaram o jogo no universo político.

Antes da divulgação dos levantamentos, setores da oposição avaliavam que os novos problemas de saúde do presidente inviabilizariam sua nova candidatura em 2026 e fortaleciam a situação de Tarcísio.

"Lula não tem condições mais de disputar, esquece", disse à coluna o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Para ele, o governador de São Paulo ganharia de qualquer outro adversário.

A pesquisa, porém, reforça o favoritismo de Lula e mostra a boa situação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que também ganharia de todos os nomes da oposição. Com índices que variam de 42% a 45%, Haddad tem cerca dez pontos a menos que Lula.

Tarcísio ficou na faixa dos 25% das preferências, mas é desconhecido por 45% da população, o que indica potencial de crescimento. O problema, agora, é a queda na aprovação de pontos de seu governo: 37% reprovam a situação na segurança pública; 27% elogiam.

Ao suspender o funcionamento das comissões da Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), mostrou que quer botar para votar os principais projetos da fila, entre eles, orçamento e pacote fiscal. Ele não descarta fazer sessões entre os dias 21 e 23, no recesso.

A prioridade de Lira é aprovar logo o orçamento de 2025. Sem isso, o Planalto será obrigado a iniciar o ano governando por duodécimos, parcelas mensais do valor previsto para ser gasto no ano. Isso complica até a liberação das emendas parlamentares.