Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Teimosia de Bolsonaro atrapalha planos da direita

Ex-presidente diz ser planos A, B e C | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil/Arquivo

A insistência de Jair Bolsonaro de se declarar candidato a presidente em 2026 mesmo sendo inelegível começa a preocupar setores importantes da direita.

O problema é que a teimosia do ex-presidente prejudica a articulação de outros nomes para o Palácio do Planalto.

Ninguém em seu entorno quer brigar com ele, que já desautorizou até mesmo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que chegou a dizer que seria um "Plano B".O ex-capitão disse então ser os planos A, B e C.

Alternativa mais óbvia, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reiterou que, em 2026, tentará a reeleição, e não a Presidência. Afirmação que também busca evitar problemas com seu padrinho.

 

Efeito Kassab

Tarcísio pode mesmo estar falando a verdade. O lançamento de sua candidatura ao Planalto geraria um problemão com seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, presidente do PSD. Seu partido tem três ministérios e outros cargos importantes no governo federal.

Lançamento

Pra se ter ideia da angústia da direita: daqui a alguns dias, estaremos em 2025, e já poderemos falar que a eleição será no próximo ano. Em novembro de 2016, o então deputado Bolsonaro anunciou, na Câmara, que concorreria ao Planalto dali a dois anos.

Banco Central: o câmbio, os juros e a 'marvada' carne

Roberto Campos Neto, presidente do BC | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, diz na ata de sua última reunião que a elevação dos preços foi causada, entre outros fatores, por uma questão que não tem a ver com gastos do governo.

Ressalta que os alimentos ficaram mais caros também por conta "da estiagem observada ao longo do ano" e da "elevação de preços de carnes", "também afetada pelo ciclo do boi". Ou seja, pelos períodos em que há maior ou menor disponibilidade do produto.

Lembra que esses aumentos acabam repassados para outras mercadorias devido a "importantes mecanismos inerciais da economia brasileira".

Remédio amargo

O Copom, porém, não alerta para a necessidade de se cuidar melhor dos recursos naturais para diminuir desastres climáticos como a falta de chuvas. Sua receita é simples: aumentar os juros para diminuir o consumo e — acredite — o emprego e a renda.

Bom é ruim

Afinal, quem trabalha recebe dinheiro, faz compras, aumenta a procura — e, no limite, gera inflação. O Copom chega a falar em "mercado de trabalho robusto" e que a economia "tem surpreendido e apresentado notável resiliência": pro BC, isso tudo é muito ruim.

Torcedores

A ata cita como uma das referências do Copom o Focus, pesquisa semanal feita com 171 empresas, a grande maioria do mercado financeiro, como bancos e corretoras. É como levar em conta a opinião de botafoguenses sobre expectativas de Palmeiras e Flamengo em 2025.

Cartão amarelo

E por falar nisso: o lobby dos clubes de futebol que viraram SAFs (Sociedades Anônimas de Futebol) tentava, até o fim da tarde de ontem, dar um jeito de impedir que a Câmara diminuísse as vantagens fiscais concedidas pelo Senado. Mas acabou perdendo o jogo.