Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Parecer da AGU reforça suspeita de deputados

Flávio Dino abraça Lula ao deixar o governo | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A decisão da Advocacia-Geral da União de recomendar ao governo o não pagamento das emendas de comissões encaminhadas pela Câmara azedou de vez o humor de muitos deputados com o Palácio do Planalto.

Ao pendurar os R$ 4,2 bilhões, a AGU reforçou a ideia de que o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, faz uma tabelinha com o presidente Lula (PT) em torno do tema das emendas.

Essa avaliação tinha perdido força nas últimas semanas, diante da tentativa do Planalto de encontrar uma saída que garantisse o presentão de Natal para os deputados.

Mas o parecer da AGU reforçou antigas desconfianças. O advogado-geral da União, Jorge Messias, foi nomeado pelo presidente da República.

 

Aposta

O tamanho do problema para o Planalto só será avaliado em fevereiro, quando o Congresso Nacional retormar seus trabalhos já sob nova direção, nas duas casas. O governo aposta que saída de Arthur Lira (PP-AL) da presidência da Câmara facilitará sua vida.

Prioridade

Lira deverá dar lugar a Hugo Motta (Republicanos-PB) que, na avaliação palaciana, não é um trator como o atual presidente. O problema é que o tema das emendas é prioritário para a grande maioria dos deputados, que não vao deixar o assunto em banho-maria.

Alcolumbre deverá dar mais trabalho que Pacheco

Presidente do Senado evitou conflitos por emendas | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

No Senado, a situação é oposta. Criticado por seus pares por sua moderação, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) será substituído na presidência por Davi Alcolumbre (União-AM).

Como já demonstrou em sua passagem anterior pelo cargo, Alcolumbre tem uma atuação mais efetiva na defesa de interesses dos senadores, uma espécie de presidente de sindicato.

O Senado, que via de longe a briga da Câmara com o STF, foi obrigado por Dino a entrar na história. Ontem, já encaminhou um pedido de liberação das verbas.

Como a coluna mostrou ontem, no dia 18, 11 líderes da Casa pediram o pagamento de 307 emendas.

A mira de Lira

O caso das emendas acentuou as diferenças entre Pacheco e Lira. Não foi à toa que documento da advocacia da Câmara encaminhado a Dino ressaltou que o Senado adotara o mesmo procedimento dos deputados. Com isso, Lira botou a outra Casa na mira do STF.

Temor

Outro ponto que tira o sono de diversos parlamentares é a decisão de Dino de determinar que a Polícia Federal passe a investigar a concessão e aplicação de emendas parlamentares. Temem que uma apuração centralizada faça muitas vítimas no Congresso.

Boeing 1

Ouvido pela coluna, um especialista em segurança aeronáutica enumerou questões importantes sobre o acidente com o Boeing 737-800. Diz que o problema no motor pode gerar falha no acionamento hidráulico do trem de pouso, mas que havia outras alternativas.

Boeing 2

O mecanismo poderia ter sido baixado por um sistema elétrico e por um terceiro, manual. Não é incomum também que espuma seja jogada na pista para amenizar o pouso sem as rodinhas. Mas ele frisa: não podia haver muro no fim da pista. Resta esperar a caixa-preta.