Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Governo aposta que Congresso derrubará vetos

Presidente seguiu sugestão da Fazenda | Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Na avaliação do governo, o Congresso Nacional vai derrubar os vetos do presidente Lula que mexem diretamente com interesses de partidos e de parlamentares: o que limita o aumento do Fundo Partidário e o que permite o não pagamento de emendas individuais.

Mas, apesar dessa certeza, o Planalto decidiu que era importante marcar posição. Isto, até para reforçar o discurso do Ministério da Fazenda de que há preocupação com o equlíbrio fiscal. "A área econômica não poderia concordar com esses pontos da Lei de Diretrizes Orçamentárias", diz um auxiliar do presidente.

O gesto de Lula também joga nas costas dos parlamentares a tentativa de justificar a entrega de tanto dinheiro para os partidos e emendas.

 

Respiro

Também nas contas do Palácio do Planalto, os vetos dão um respiro ao governo, colocado no canto do ringue nas últimas semanas pela alta do juros e disparada na cotação do dólar. "Pelo menos, as más notícias saíram das manchetes por uns dias", comenta o auxiliar.

Sem conversas

Apesar da desconfiança no Congresso de que Lula e Flávio Dino jogam afinados, o Planalto nega combinação. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, interlocutor frequente do ministro do Supremo Tribunal Federal, tem dito que os dois não se falam há algum tempo.

Com Motta, esperança de tempos mais tranquilos

Deputado mantém interlocução com Planato | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ainda não dá para cravar como será a relação do governo com a Câmara depois da mais que provável eleição de Hugo Motta (União-PB) para a presidência da Casa.

Mas as perspectivas de uma boa convivência — pelo menos em relação ao período Arthur Lira (PP-AL) — são bem razoáveis.

O deputado tem conversado com o Planalto, o que inclui uma constante interlocução com o ministro Alexandre Padilha, responsável pela articulação política.

Lira nunca escondeu a irritação com o ministro que, para ele, prometia muito e cumpria pouco. Sempre o culpou por problemas com o governo.

Trunfo

Manter a boa relação do governo com o PSD e o MDB — cada um tem três ministérios — é um trunfo do governo para barrar a candidadura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência em 2026. Para tentar o Planalto, ele teria que brigar com muita gente.

Canoas

Principal conselheiro político de Tarcísio e seu secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab, presidente do PSD, quer manter os pés nas canoas federal e estadual. A candidatura de Tarcísio ao Planalto faria com que tivesse que optar por um dos lados.

Herança

Kassab quer ser o vice de Tarcísio na reeleição para o governo paulista; assim, herdaria sua cadeira quando ele se ausentasse para disputar a Presidência — em 2030. O poder do MDB no Planalto também dificulta movimentações do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

Sem mexidas

Primeiro emedebista a ser eleito para a prefeitura, Nunes teria que deixar o partido para apoiar a candidatura presidencial de Tarcísio em 2026, o que seria complicado. Como não poderia deixar retribuir a força recebida do governador, melhor deixar tudo como está.