Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Gusttavo Lima e a reponsabilidade de Bolsonaro

Para políticos, Lima mostra que ex-presidente complicou a direita | Foto: Reprodução

Ao ameaçar se lançar candidato à Presidência da República, o cantor Gusttavo Lima aumentou os temores da direita e da extrema direita em relação ao pleito de 2026.

Para muitos desses políticos, o fato comprova a confusão armada pelo inelegível Jair Bolsonaro ao insistir em tentar voltar ao Planalto em 2026.

Como já mostrou o Correio Bastidores, ao bater pé e se dizer candidato, o ex-presidente dificulta as articulações em torno de nomes que poderiam disputar o eleitorado conservador.

Ao levantar o dedo e dizer que está disposto a entrar no páreo, Nivaldo Batista Lima (seu nome de registro) aumentou a confusão, reforçou a possibilidade de que aventureiros de fora do universo político disputem o cargo.

 

Coreto

"Bolsonaro bagunçou o coreto, vai ficar complicado organizar a direita enquanto ele insistir em afirmar que tentará a Presidência", diz um aliado que pede para não ser identificado — ninguém quer partir para uma briga aberta com o ex-presidente.

Cartada

Na avaliação de aliados, Bolsonaro insiste em falar na disputa de 2026 como uma forma de manter seus eleitores mobilizados, prontos para eventuais protestos caso sua prisão venha a ser decretada. Fora do baralho presidencial, seria facilmente mais descartado.

Performance de Pablo Marçal preocupa políticos

Ex-coach mostrou viabilidade de independentes | Foto: Divulgação

Há alguns poucos anos, a candidatura de Lima não representaria qualquer ameaça, mas a boa performance de Pablo Marçal na disputa pela prefeitura paulistana mostrou que há espaço para os que buscam encarnar um rompimento radical com o sistema partidário.

Na direita, há os que dizem que o cantor não passa de uma barriga de aluguel do amigo Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás e pré-candidato ao Palácio Planalto.

Ao falar na Presidência, Lima atrairia atenções do eleitor e o ódio de bolsonaristas radicais, o que deixaria o campo mais livre para Caiado. Depois, tentaria o Senado, como já planejava fazer.

Egoísmo

Na avaliação de um outro político, que se define como de centro, o estilo personalista de Bolsonaro não se encaixa na lógica partidária. Ele também não se veria como representante de uma causa — seus compromissos seriam como ele próprio e com os filhos.

Lula

"Lula também é personalista e centralizador, mas respeita o PT. Bolsonaro acha que resolve tudo sozinho", avalia. Lembra que, em 2010, com popularidade acima de 80%, o petista rejeitou sugestão de mudança constitucional para viabilizar um terceiro mandato.

Sino e gato

"Você acha que Bolsonaro, em situação semelhante, não iria buscar uma nova reeleição?", pergunta. O problema é saber quem vai amarrar o sino no pescoço do gato, ou seja, dizer para o ex-presidente que é melhor abrir caminho para outro e esperar 2030.

Esperança

Os dois políticos ouvidos pela coluna, porém, dizem que as prováveis denúncias contra Bolsonaro e sua eventual condenação tendem a resolver o problema. Até porque depois do atentado de novembro e da prisão de outros supostos terroristas, a anistia foi esquecida.