Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | PSB: governo precisa fazer a população sonhar

Siqueira diz ser preciso gerar expectativa positiva | Foto: Reprodução/PSB

Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira afirma que, neste seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT) ainda não conseguiu criar o que chama de "perspectiva sonhadora" na sociedade.

Para ele, o governo, apesar de ser "infinitamente melhor" que o anterior, não gerou na população uma expectativa positiva, de um futuro melhor.

"A política também vive de sonhos, de perspectivas de melhoria, é preciso criar um novo amanhã, mesmo que não venha a ser completamente alcançado", diz.

Em conversa com o Correio Bastidores, Siqueira ressaltou que o governo tem insistido em programas lançados nos outros dois mandatos de Lula na Presidência. Iniciativas que são "velhas conhecidas da sociedade".

 

Sem impacto

Para ele, essas conquistas anteriores são importantes, mas acabaram naturalizadas, perderam o impacto. Daí a necessidade de geração de novas alternativas que gerem entusiasmo, sonho e esperança na população - requisitos capazes de estimular o sonho.

Mudanças

Segundo Siqueira, a ascensão da direita e da extrema direita no mundo obriga a esquerda a repensar suas estratégias e seu entendimento do mundo. "A democracia exige renovação. Houve mudanças na economia, nas relações de trabalho, na comunicação", frisa.

Para Siqueira, houve dois erros no caso do Pix

Pressionado, Lula voltou atrás em medida | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente do PSB afirma que o governo errou duas vezes nos episódios relacionados à decisão da Receita que atingiu o Pix.

Em primeiro lugar, ao publicar a norma; em segundo, ao revogá-la. "Se havia certeza de que a medida era correta, o melhor seria mantê-la", afirma.

Para ele, a questão das emendas parlamentares será um outro desafio a ser enfrentado pelo governo na volta do recesso do Legislativo — senadores e deputados não se conformam com as limitações impostas pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal.

Um problema que, diz, será de difícil solução, diante do tamanho das emendas.

Deformação

"O governo passado pagava R$ 16 bilhões em emendas por ano; neste, o total subiu para R$ 50 bilhões, como fazer para corrigir essa deformação?", pergunta. Ele destaca que a execução do orçamento deveria ser do Poder Executivo, e não do Legislativo.

Sem barulho

Siqueira, porém, ressalva que, como integrante da base, não cabe ao seu partido fazer críticas públicas ao governo. Mas isso não impede, porém, de fazer comentários mais amplos — Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, é do PSB.

Inocência

Ao reclamar de ministros que baixam portarias sem consultá-lo — uma indireta mais do que direta para Fernando Haddad, da Fazenda —, Lula seguiu uma antiga cartilha de lideranças populares: a culpa sempre é dos outros. Quis dizer que era inocente na história do Pix.

Risco

Para um deputado do PT, o governo vive um impasse: precisa se compor com partidos conservadores e fisiológicos do Congresso, mas, ao mesmo tempo, deveria propor pautas mais agressivas, como a taxação dos mais ricos. "O risco é de, na dúvida, não fazer nada", critica.