O nome do líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), passou a ser citado como futuro ministro da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pelas articulações políticas. Na reforma ministerial, Bulhões iria para o lugar do petista Alexandre Padilha.

A mudança reforçaria a preocupação do presidente Lula em consolidar sua base de apoio no Congresso e, ao mesmo tempo, reforçar a possibilidade de o MDB apoiar o PT na eleição presidencial de 2026.

A ida de Bulhões representaria uma mudança radical na estrutura de poder — os titulares dos três ministérios que funcionam no Palácio do Planalto (Casa Civil, Secretaria-Geral da Presidência e o ocupado por Padilha) são do PT.

A concentração de poderes pelos petistas é vista no Congresso como uma das razões para as dificuldades do governo com o Legislativo. Muitos parlamentares dizem que o PT tende a ser hegemônico, não cumprir acordos e só pensar em seus próprios interesses.

Bulhões ganhou a confiança do governo ao relatar projetos econômicos, com o do pacote fiscal. É visto como um bom negociador — ligado ao grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), mantém boas relações com o maior adversário deste, Arthur Lira (PP-AL).

Ao condicionar sua candidatura à reeleição a questões relacionadas à própria saúde, Lula abriu a porteira das especulações e articulações. Criou uma espécie de efeito-cascata que mexeu com as possibilidades de arranjos para 2026.

Uma das principais consequências da declaração foi sentida em São Paulo. A eventual desistência de Lula abre caminho para uma candidatura ao Planalto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele já disse que não gostaria de enfrentar o atual presidente.

Se desistir da reeleição, Tarcísio deixa a pista livre para Gilberto Kassab, integrante do seu secretariado e presidente do PSD.

Até o anúncio de Lula, Kassab procurava garantir a vaga de vice de Tarcísio na nova disputa pelo Palácio dos Bandeirantes — queria herdar sua cadeira em 2030, quando o titular se afastaria para tentar a Presidência. Se o governador mudar de ideia, ele irá pra briga.

A eventual desistência de Lula complicaria a ala do MDB que quer apoiá-lo — governador do Pará, Helder Barbalho sonha com a candidatura a vice-presidente. Prefeito de São Paulo e ligado a Tarcísio, Ricardo Nunes comemoraria muito. Não quer saber de apoiar o PT.

O Ministério da Saúde decidiu buscar mais informações sobre a dengue, o que inclui ouvir especialistas de fora do governo. Quer ter um panorama mais amplo da situação da doença no Brasil até para sistematizar melhor os dados sobre sua incidência.

A iniciativa visa também definir melhor os papéis dos estados e municípios na prevenção da dengue, em especial, no combate ao mosquito Aedes aegypti. Para o ministério, há um excesso de responsabilização do governo federal, que tem distribuído recursos pelo país.