A repercussão negativa da fala do ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre uma "intervenção" para baixar preços de alimentos foi vista entre petistas como mais um sinal da desconfiança de boa parte da sociedade em relação ao governo.

Na quarta-feira, já havia quem temesse um congelamento ou outra forma radical de controle de preços.

Costa depois voltou atrás, disse que melhor seria falar em "medidas" do que "intervenção". A fala foi importante para tranquilizar agentes econômicos, mas só o fato de a declaração original ter dado margem a especulações reforçou o que a crise do Pix já havia indicado: a confiança em relação ao governo anda em baixa e há um temor em relação a medidas não ortodoxas.

As afirmações de Costa serviram para reforçar a determinação do presidente Lula para que ministros evitem dar declarações dúbias, que possam gerar confusão. Frisaram também o trabalhão que o ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, tem pela frente.

A indicação de "Ainda estou aqui" para a disputa de três categorias do Oscar foi muito comemorada no Planalto. "Enfim, uma boa notícia", disse um integrante do governo. O filme trata de um crime cometido na ditadura militar tão elogiada por Jair Bolsonaro.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou à Golden Cross a "alienação compulsória" (venda obrigatória) de toda a sua carteira de planos de saúde. A decisão foi tomada na última quarta-feira em reunião da diretoria colegiada da ANS.

Procurada, a Golden Cross confirmou a informação, publicada na tarde de ontem pela coluna no site do Correio da Manhã.

Em nota enviada ao Correio Bastidores, a operadora afirmou que a medida da ANS "não afeta em absoluto" o atendimento dos seus clientes: "As coberturas e o acesso à rede referenciada seguem integralmente mantidos", ressaltou.

Desde julho do ano passado que praticamente todos os clientes da Golden Cross vinham sendo atendidos pela Amil — isso, por um acordo entre as operadoras. Também em 2024, a ANS permitiu que a Golden Cross suspendesse a comercialização de 114 dos seus 143 planos.

A Golden informou que avalia "as medidas cabíveis". A administradora Supermed comunicou a decisão aos seus clientes e garantiu que todos os que contrataram a Golden por seu intermédio poderão migrar para a Amil, com planos semelhantes e os mesmos custos.

Ao mesmo tempo em que tenta ajeitar a comunicação do governo, Lula procura garantir uma vida mais tranquila com o Congresso Nacional. As atividades na Câmara e no Senado serão retomadas no início de fevereiro, com a eleição dos presidentes das duas Casas.

Favorito absoluto ao comando da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) esteve esta semana com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Foi tratar da reforma ministerial, uma das apostas do Planalto para fortalecer sua base de apoio no Legislativo.