CEO da VivaAmérica, empresa que orienta imigrantes nos Estados Unidos, o brasileiro Rodrigo Costa avalia que as medidas tomadas pelo presidente Donald Trump visam, principalmente, desestimular a ida de novos estrangeiros para o país.

Apesar da dureza de decretos e de atitudes como a deportação, Costa afirma que não há como expulsar todos os imigrantes ilegais do país. Isto, por uma questão simpes: a economia americana precisa da mão de obra estrangeira. "É uma questão matemática, há mais vagas do que trabalhadores", frisa.

Destaca que o previsto crescimento do país vai gerar mais empregos e maior necessidade de trabalhadores, o que inviabliza a expulsão massiva.

Costa diz que Trump quer evitar o que ocorreu durante o governo de seu antecessor. Apesar de ter mantido as deportações, Joe Biden reforçou o discurso de afrouxamento dos controles e de legalização de imigrantes, o que estimulou novas entradas nos EUA.

O empresário, porém, admite que situação ficará "mais desafiadora" para os imigrantes ilegais. Ele recomenda calma para os que não estão com a situação regularizada. Afirma que, neste momento de transição, é importante não tomar medidas precipitadas.

De acordo com Costa, os não regularizados se dividem em duas grandes categorias: os que entraram ilegalmente e os que permaneceram no país depois da validade de seus vistos de turista ou de estudante.

Para ele, o importante é procurar um escritório de advocacia especializado em imigração para que cada caso seja tratado de maneira correta.

Frisa também a necessidade de o imigrante pagar normalmente seus impostos nos EUA, mostrar que é uma pessoa correta, que contribui para o crescimento do país. Diz que esses pontos são considerados pela Justiça na hora de expulsar ou não uma pessoa.

Lembra que há estados mais amigáveis com os imigrantes, como Califórnia e Nova York, onde mesmo ilegais podem tirar carteira de motorista. Há também as cidades-santuário, que acolhem melhor os estrangeiros, como Los Angeles, Chicago, Boston e Filadélfia.

Costa lembra que até trabalhadores não qualificados podem emigrar legalmente. Cita que um de seus clientes é uma empresa brasileira que abrirá filial nos EUA: foram pedidos 27 vistos de trabalho e que devem ser concedidos. Os pedidos foram feitos antes das viagens.

Na avaliação do Planalto, Trump, rolou a bola para Lula ao acorrentar imigrantes expulsos de lá. A desumanidade com que foram tratados permitiu ao governo agir com rapidez para prestar assistência aos deportados e marcar diferença em relação aos bolsonaristas.

O fato de, na última quinta, Jair Bolsonaro ter defendido, numa entrevista, a expulsão de imigrantes por Trump ajudou a reforçar a posição do governo Lula. Até ontem, muitos políticos que foram à posse do americano evitavam tratar dos acorrentados em suas redes sociais.