Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Saída de Eduardo aumenta o risco de prisão de Jair

A decisão de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de ficar por tempo indeterminado nos Estados Unidos para escapar de eventuais punições judiciais esquentou a bolsa de apostas sobre uma decretação de prisão de seu pai, Jair.

Apesar de estar com o passaporte apreendido por ordem do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente, para evitar ser preso, poderia buscar asilo em alguma representação diplomática.

Em fevereiro de 2024, quatro dias depois de ficar sem o documento, Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília.

Nos próximos dias 25 e 26, o STF decidirá se vai aceitar a denúncia contra o ex-presidente apresentada, mês passado, pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

 

Filho e pai

A atitude de Eduardo reacendeu a preocupação quanto a uma fuga de Bolsonaro. A pergunta no Congresso é simples: se o filho, que não foi indiciado nem denunciado, tratou de ir para o exterior, o que o pai, principal alvo das investigações, não será capaz de fazer?

Pedido

No domingo passado, a deputada Duda Salabert (PDT-MG) encaminhou ao Ministério Público pedido de prisão preventiva do ex-presidente. Alegou que ele atentou contra a democracia em suas falas, no ano pela anistia realizado em Copacabana, no Rio.

PGR é contra apreensão, mas PL insiste que há risco

Poucas horas depois de Eduardo anunciar que ficaria fora do país, Gonet divulgou sua decisão contrária ao pedido de apreensão do passaporte do deputado, feito por parlamentares petistas.

Mesmo depois de a informação ter sido divulgada, o senador Carlos Portinho (PL-RJ) disse à coluna não duvidar de que o documento seria retido. Mais: bancou que ainda haverá a apreensão. Portinho, que esteve domingo no ato de Bolsonaro, afirmou que não sabia da decisão de Eduardo.

Ontem, o PL agiu para reforçar a ideia de perseguição a Bolsonaro e seus filhos. Insiste na versão de que a sentença do ex-presidente já está pronta.

Gaveta

Quem sabe ler o céu de Brasília aposta: os sorrisos, abraços e carinhos trocados ontem por Lula e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicam que o projeto de anistia aos acusados e condenados por golpismo vai ficar na gaveta.

Lógica do poder

A equação é simples (pelo menos, na lógica do poder): a possibilidade de o projeto ser aprovado é grande, o problema é que o tema gera muita confusão. O mais simples é Motta deixar tudo parado. Ou seja: deputados são favoráveis à proposta, mas preferem não votá-la.

Confusão

Vale lembrar que, apesar da crescente impopularidade de Lula, o Centrão detesta brigar com governos. O voto pela anistia representaria um rompimento com o Planalto, bagunçaria o coreto das articulações, repercutiria até na composição dos ministérios.

Outro Eduardo

O PL tenta comer pelas beiradas a resistência do presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), ao projeto para garantir a impunidade de golpistas. Tem pressionado líderes estaduais e o onipresente Eduardo Cunha, que continua mandando muito por lá.