Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Briga entre aliados complica destino da anistia

Pereira ficou irritado com Silas Malafaia | Foto: Douglas Gomes/liderança do Republicanos

A troca de ofensas entre o pastor bolsonarista Silas Malafaia e o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), complicou ainda mais a tramitação do projeto de anistia para acusados e condenados pela tentativa golpista.

Tido como fundamental à causa da anistia, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), ficou irritado com as críticas que sofreu de Malafaia e chutou o balde.

Em post, tornou pública uma posição que há meses defendia nos bastidores: advogado, afirma ser impossível anistiar quem ainda não foi condenado. Uma posição que classificou de técnica.

O Republicanos é o partido do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

 

No vácuo

O argumento complica ainda mais a proposta e, em particular, a situação de Jair Bolsonaro, que ainda nem é réu no Supremo Tribunal Federal. Pela lógica de Pereira, o ex-presidente não poderia ser anistiado. Na quarta passada, eles conversaram sobre a anistia

'Cretino'

Anteontem, em entrevista à CNN, Pereira disse que a bancada de seu partido tende a ser a favor da anistia, mas ressalvou que o tema "contaminava" o debate pré-eleitoral e a governabilidade. Irritado, Malafaia publicou vídeos em que chama Pereira de cretino.

Planalto aplaude disputa entre bolsonaristas

Pressa de Bolsonaro ajudou na confusão | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil/Arquivo

O pastor afirmou que o agora adversário, bispo da Igreja Universal, envergonha a denominação e os evangélicos. Na resposta, o deputado disse que Malafaia exala ódio e o comparou a um "Rasputin Tupiniquim". Ressaltou que nunca falou contra ou a favor da anistia.

O Planalto acompanha de camarote a divisão entre bolsonaristas e evangélicos (Malafaia é da Assembleia de Deus Vitória em Cristo).

Para um petista de bom trânsito com o governo, Bolsonaro, com medo de ser condenado e preso, exagerou ao pisar no acelerador da campanha pela anistia, e acabou provocando colisões entre aliados.

Termômetro

A reunião do colégio de líderes da Câmara, hoje, servirá para medir a temperatura em relação ao tema. O PT aposta que Hugo Motta não vai aceitar a pressão do PL para pautar a votação do regime de urgência para a anistia. "Ele não vai brigar com o STF", diz.

Semana

A briga com Pereira é outro fato negativo para Bolsonaro. Domingo, ele reuniu menos gente que esperava e ainda foi fotografado sob uma faixa contra a anistia. Na terça, seu filho Eduardo, que não foi indiciado, anunciou que ficaria nos Estados Unidos.

Aposta

Já o governo aposta muitas fichas no aumento da isenção do imposto de renda. Avalia que a medida terá efeito positivo principalmente entre setores da baixa classe média que odeia o petismo e que, nos últimos anos, tem servido de trincheira para Bolsonaro.

Calos

Mas o X da questão ainda é o preço dos alimentos, o governo sabe que a maioria da população não engole a história de que o problema é causado por questões internacionais. Outro impasse é no tema da segurança pública, em tese, de responsabilidade do estados.