Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Ao culpar Carla Zambelli, Bolsonaro absolveu urnas

Inteligência Ltda: ex-presidente reclamou de aliada | Foto: Reprodução/Youtube/Inteligência Ltda.

Ao atribuir sua derrota em 2022 a uma atitude da deputada Carla Zambelli (PL-SP), Jair Bolsonaro (PL) reconheceu, enfim, que o resultado apurado pelas urnas eletrônicas estava correto.

Em entrevista, anteontem, ao podcast Inteligência Ltda., o ex-presidente disse que o gesto da aliada de perseguir armada um simpatizante do PT fez com que ele perdesse eleitores. "Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. Ela tirou o mandato da gente", afirmou.

Em pronunciamento dois dias depois do segundo turno, Bolsonaro agradeceu os votos recebidos, mas evitou admitir a derrota. Atribuiu os protestos então iniciados em diversos pontos do país ao "sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral".

 

Na pressão

Depois, o PL entrou com um recurso no Tribunal Superior Eleitoral em que pedia a anulação do resultado de 280 mil urnas. Ano passado, ao depor na Polícia Federal, o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse que Bolsonaro o pressionara para a entrar com a ação.

Correção

Entre bolsonaristas, as urnas continuam sendo vilãs. Presente à entrevista de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), adaptou o elogio que, dias antes, fizera à rápida apuração de votos no Brasil. Disse que falara da Justiça Eleitoral.

Líder do PL: 08/01 foi revolta popular, não golpe

Portinho fala em desrespeito ao processo legal | Foto: Pedro França/Agência Senado

Líder do PL, o senador Carlos Portinho (RJ) procura diferenciar golpe de Estado de revolta popular — usa esta definição para o 8 de Janeiro.

"Até a IA sabe disso", afirmou à coluna — enviou um verbete produzido por inteligência artificial que classifica esse tipo de movimento de "protesto coletivo, geralmente espontâneo.

Para ele, o quebra-quebra está sendo usado para "construir uma narrativa de golpe com o fito de alcançar o resultado pré-determinado que é a prisão do Bolsonaro".

Advogado, diz que o processo legal não está sendo respeitado e que os advogados não têm acesso às provas na íntegra.

Provas

O não acesso à totalidade dos documentos obtidos pela PF foi criticado por advogados no STF. Relator do caso, Alexandre de Moraes afirmou que, em caso de abertura do processo, tudo será disponibilizado. Alegou que parte das provas sequer foi transcrita.

Antecipação

Já o ministro Cristiano Zanin cometeu um ato falho ao, na sessão, chamar de "réus" os denunciados os que estão tendo seus casos analisados pela corte. Em seguida, fez a correção, falou em "denunciados" — só serão réus se as denúncias forem aceitas, o que deverá ocorrer hoje.

Olho no lance

Flávio Dino também escorregou ao falar do desejo de atuar no STF como advogado. Ao falar em deixar o cargo, abre margem para especulações sobre candidatura à Presidência. Também se corrigiu: disse que só atuará na tribuna quando se aposentar, aos 75 anos.

Carona

Moraes pegou carona em notas do Correio Bastidores ao mostrar que a grande maioria dos condenados pelo 08/01 tem menos de 60 anos. Semana passada, o Correio Bastidores pediu este levantamento à assessoria do STF, que disse que caberia à coluna fazê-lo. Foi feito.