Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Pesquisas sobre anistia abalam oposição

Ato em São Paulo reuniu milhares de pessoas | Foto: Fotoarena/Folhapress

O fato de as pesquisas Datafolha e Quaest terem apontado o mesmo percentual de rejeição — 56% — a uma anistia a denunciados e condenados por tentativa de golpe de Estado foi recebido com entusiasmo por governistas e com preocupação pela oposição.

A rara coincidência de percentual esvazia o discurso bolsonarista de que a maioria da população seria a favor da medida, que, segundo eles, contribuiria para pacificar o país. Para 59% dos entrevistados pelo Datafolha, as penas aplicadas são adequadas (34%) ou deveriam ser maiores (25%).

Apesar da rejeição à tese, o PL vai insistir na coleta de assinaturas para forçar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar a votação da proposta.

 

Um terço

A anistia, segundo o Datafolha, é apoiada por 37%; percentual que cai para 34% no levantamento feito pela Quaest. Ou seja, de acordo com os dois institutos, a medida é aprovada por pouco mais de um terço dos brasileiros, o que dificulta a tarefa dos bolsonaristas.

Centrão

Segundo um deputado do PL, há o temor de as pesquisas reforçarem o não comprometimento do Centrão com a anistia. Integrantes do grupo temiam a reação de seus eleitores caso votassem contra a medida. Na dúvida, acham melhor que o tema não vá ao plenário.

Vendedores de pipoca e sorvete não ficarão presos

Manifestação por golpe diante do QG do Exército | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Citados por Bolsonaro no ato de domingo, o vendedor de sorvetes Otoniel Francisco da Cruz, de 45 anos, e o pipoqueiro Carlos Antonio Eifler, de 54, foram condenados a um ano de prisão, e não serão presos.

Ambos, detidos diante do Quartel-General do Exército em Brasília, foram denunciados por associação criminosa e por incitarem as Forças Armadas a agirem contra a democracia.

Dos ministros, apenas os indicados por Bolsonaro — André Mendonça e Nunes Marques — votaram pela absolvição dos réus. Os condenados saíram de seus estados — Bahia e Rio Grande do Sul — para participar das manifestações em Brasília.

Calor

Líder do PL no Senado, Carlos Portinho diz que Hugo Motta vai ser muito pressionado para pautar a anistia. Sentirá o "mesmo calor" aplicado em Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado, para pautar o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Senado

Para Portinho, caso venha a ser aprovado pelos deputados, o projeto de anistia será respaldado pelos senadores. Ressalva que a aceitação da proposta pela Câmara vai depender de um acordo com lideranças de muitos partidos. O impeachment de Moraes não foi votado.

Nanini

Marco Nanini entrou na campanha pela preservação do mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ). Ameaçado de cassação, foi um dos quatro parlamentares do partido convidados para assistirem a uma sessão da peça "Traidor" em Brasília — o ator está no elenco.

Decoro

Encerrada a peça, Nanini elogiou Braga e pronunciou a frase "Glauber fica", mote da campanha que tenta preservar o mandato do parlamentar. Ele é acusado de quebra de decoro por ter expulsado da Câmara, aos pontapés, um militante que costuma provocá-lo no Rio.