Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Para esvaziar anistia, esquerda quer outras pautas

Jandira não quer "dar palanque" para oposição | Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Enquanto a direita tenta forçar a votação da anistia para os envolvidos na tentativa de golpe, a esquerda procura esvaziar o tema e mudar a pauta.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirma que não é hora de "dar palanque" para os bolsonaristas, mas de investir em temas relacionados a propostas e interesses do governo.

Entre eles, citou projetos como o que elimina imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais, a emenda constitucional da área de segurança, a aprovação da medida provisória que criou o crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada e um pacote de medidas para a área da cultura.

"Temos que investir nos assuntos que são importantes", diz.

 

400 na fila

Jandira ressalta que mesmo uma aprovação, pelo plenário, de um pedido de urgência para a anistia não significa que ele venha a ser pautado. Segundo ela, há na Câmara 400 projetos carimbados como urgentes e que aguardam para que sejam votados.

Ambiente

Para ser aprovado, o projeto precisa ser pautado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) — ele não obrigado a fazer isso nem se a oposição conseguir 257 assinaturas para o pedido de urgência. "Não vejo ambiente para isso", ressalta a parlamentar.

Pesquisa do Centrão mostra maioria contra anistia

Sóstenes Cavalcante lidera a busca por assinaturas | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Pesquisa encomendada pelo Republicanos ao Informa chegou a resultado semelhante ao apurado pelo Datafolha e pela Quaest: 54% dos brasileiros são contra a anistia (esses outros institutos cravaram 56%).

Mas o detalhe importante para o Centrão é que seus eleitores estão na direita, entre aqueles que querem o fim das punições relacionados à tentativa de golpe de Estado — e políticos não brigam com quem os elege.

Ou seja, caso a proposta chegue ao plenário, a maioria do Centrão tende a votar sim. Daí que muitos do grupo continuem a apostar no jogo de tocar a bola pro lado, como tem feito Hugo Motta.

Dificuldade

Para um importante quadro do Centrão, ficará difícil para Motta não pautar a votação da urgência caso o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), consiga as 257 assinaturas. Ele ainda crê na possibilidade de o Supremo Tribunal Federal reduzir penas e, assim, esvaziar a anistia.

Moderação

Desde domingo, quando houve a manifestação em São Paulo, que Sóstenes adotou uma prática menos agressiva na busca de assinaturas. Voltou atrás na sua decisão de divulgar os nomes de deputados que vinham evitando se comprometer com a proposta.

Ataque

Mas o pastor Silas Malafaia — líder da igreja em que Sóstenes é pastor — continua a bater. Em postagem no X, ele voltou a bater em Motta, destacou sua decisão de cancelar a reunião de líderes prevista para ontem e de fazer sessões virtuais na próxima semana.

Estratégias

Numa entrevista, ontem, Jair Bolsonaro criticou Malafaia, disse que ele quer resolver tudo "na pancada". Na prática, o time bolsonarista pró-anista utiliza várias estratégias para atacar. Ontem, o ex-presidente se reuniu com Motta — para discutir a anistia.