O governo entrou em campo para pressionar deputados de partidos da base aliada que assinaram o pedido de urgência para a tramitação do projeto que anistia envolvidos com a tentativa golpista.

Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), pelo menos quatro parlamentares de partidos que, em tese, apoiam o governo, retiraram suas assinaturas. A lista de apoiadores tem 141 deputados cujos partidos comandam ministérios — PSD, MDB, União Brasil, Progressistas, Republicanos e PSB.

Na sexta, Sóstenes anunciou que atingira o número de 257 assinaturas, o que garante a apresentação do pedido de urgência: a palavra final sobre a inclusão na pauta é do presidente da Câmara, Hugo Motta (Repub-PB).

De acordo com o líder, apesar das quatro baixas, o número de assinaturas já chega a 284 — ele quer obter 280, para ter margem de manobra. Para evitar pressões do Planalto, ele tenta agora evitar novos vazamentos dos nomes que constam da lista.

Segundo ele, problemas no site da Câmara — que não descarta terem sido propositais — permitiram que, na quinta, fosse liberado o acesso à lista (deputados têm o direito de assiná-la remotamente).Sóstenes quer apresentar o requerimento na reunião de líderes do dia 24.

Integrante da base do governo e defensor de revisão de penas para condenados pelo 8 de Janeiro, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) diz que as emendas de execução obrigatória diminuíram muito a capacidade de pressão do Planalto.

Parlamentares, mesmo os que fazem oposição dura ao governo, têm o direito de mandar dinheiro do orçamento para execução de bens e serviços. As emendas não impositivas são minoria.

Para ele, há, no Supremo Tribunal Federal, um movimento para redução de penas; cita que, nas últimas semanas, alguns acusados e condenados foram beneficiados com prisão domiciliar.

Um parlamentar de oposição confirmou para a coluna que Motta tem negociado com o STF — chegou a comentar que buscava conversas com o ministro Gilmar Mendes. "Ele está acreditando em Papai Noel, acha que o Supremo vai soltar todo mundo", critica.

O esvaziamento na Câmara — esta semana só haverá sessões virtuais — aumenta o isolamento do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que por lá faz greve de fome contra a possível cassação do seu mandato. Motta ainda não fez qualquer gesto para preservar o colega.

Apesar da goleada no Conselho de Ética (13 a 5 pela cassação), Glauber ainda tem esperança. Até o líder do PL considera exagerada a punição proposta ao deputado, que chutou um manifestante no Congresso. Para ele, o psolista poderia sofrer uma suspensão.

O recuo do presidente Donald Trump em relação à taxação de computadores e celulares aliviou brasileiros que têm viagens programadas para os Estados Unidos nos próximos meses. Muitos já tinham decidido antecipar compras para tentar garantir preços.