Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Maioria dos líderes não assinou urgência de anistia

Hugo Motta decidiu ouvir o colégio de líderes | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A maioria dos integrantes do colégio de líderes da Câmara não assinou o pedido para que seja votado o pedido de urgência que prevê anistia para acusados e condenados pela tentativa de golpe de Estado.

Entre os que não demonstraram apoio ao projeto estão líderes das bancadas do Republicanos, PSD, União Brasil, Podemos e PRD — a maior parte dos deputados desses partidos assinou o requerimento.

Esta semana, num post em que não referiu diretamente à proposta de anistia, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ressaltou a necessidade de discutir com o colégio de líderes as pautas que precisavam avançar. O coletivo só vai se reunir na próxima quinta-feira.

 

Acordos

De 20 líderes listados pelo site da Câmara, 15 deixaram de assinar o requerimento (a lista inclui também partidos como MDB e PSDB). Isso, porém, não significa que o pedido de urgência ficará parado por lá. O colégio de líderes é um espaço de busca de acordos.

Tempo

Ao jogar a responsabildade para o coletivo, Motta procurou ganhar tempo para viabilizar uma proposta que permita diminuição de penas de condenados e impeça a impunidade dos que foram denunciados como líderes da tentativa de golpe, como Jair Bolsonaro.

Deputados não alinhados temem desgaste

Maioria quer evitar ficar nos extremos | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Com a decisão de tocar a bola pro lado, Motta procurou interpretar o sentimento de boa parte da Câmara, não alinhada ao PT nem ao bolsonarismo.

Esse grupo tem viés conservador, boa parte de seus integrantes assinou o requerimento de urgência, mas a maioria prefere evitar um embate.

O cálculo é simples: o voto, nesse caso, tende a gerar mais problemas do que lucro. Se votarem contra a anistia, serão alvo de xingamentos da extrema direita, mas não ganharão eleitores de esquerda.

O mesmo ocorrerá se ficarem a favor da proposta. Os bolsonaristas ficarão felizes com eles, mas votarão em candidatos mais radicais em 2026.

Cinco mil

A polícia fluminense atingiu, no último dia 7, a marca de cinco mil operações policiais em favelas desde que, em 2020, passou a obedecer normas definidas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. As regras não impediram a continuidade dessas incursões.

Na Baixada

O complexo de favelas do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, foi a comunidade que recebeu a operação de número cinco mil. Em cinco anos, a comunidade foi alvo de outras 67 incursões da polícia. No dia 3, o STF amenizou suas exigências.

Aumentou geral

Publicado pelo CESeC, o último número do Boletim Crime no Rio registra que, nos dois primeiros meses de 2025, houve, no estado, aumento em todos os crimes monitorados em relação ao mesmo período de 2024. Entre eles, homicídios dolosos e roubos.

Mais do dobro

De acordo com os dados, em algumas cidades os homicídios mais do que dobraram. Em Volta Redonda, subiram 130,8%, de 13 para 30; em Nova Iguaçu, 123%, de 26 para 58. As mortes por intervenção policial, que caíram em 2024, subiram 27,8% no bimestre.