Desde que deixei o governo, em 2014, recebi sempre perguntas de pessoas curiosas com o nosso sucesso na política de segurança pública do estado.
Sempre digo que sem a construção dos pilares essenciais para a grande transformação, não há solução mágica.
Os pilares básicos são a autonomia decisória da polícia, seja ela a civil, polícia judiciária, seja a militar, polícia ostensiva. Significa não permitir a influência extra corporação na escolha dos titulares das delegacias e batalhões. Não interferir nas escolhas das promoções internas. Isso vale também para o Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Assuntos Penitenciários e suas respectivas atribuições.
Outro pilar fundamental é a valorização dos servidores públicos da segurança. Não há como cobrar sem haver reciprocidade. Leia-se salários dignos, boas condições de trabalho e investimento na qualificação e reciclagem dos profissionais. Além de uma estruturada política de bônus com resultados na redução dos índices criminais.
Investir na renovação de quadros e aproveitamento da experiência dos mais velhos. Concursos públicos permanentes. Integração entre as quatro áreas da segurança pública: polícia civil, militar e penal e bombeiros-militares. A interface deve ser permanente. Quanto mais entrosados, se qualifica a informação e a estratégia de ação. Melhores resultados.
Ter a infraestrutura de trabalho dos profissionais sempre em boas condições. Desde os principais equipamentos prediais aos mais longínquos espalhados por todo o estado. Isso requer investimento permanente e manutenção de qualidade. Ter frotas modernas e mantidas por empresas terceirizadas. Não cabe nos dias atuais ter profissionais preparados para a área fim, cuidando de áreas meio, como automóveis e alimentação.
A Tecnologia da Informação passou a ser instrumento fundamental no combate ao crime. O Centro Integrado de Comando e Controle, CICC, e a Cidade da Polícia, construídos no meu período, devem receber atualizações frequentes de novas tecnologias.
A Segurança Pública é a principal política de qualquer governante nos três níveis de poder. Não é exclusividade dos estados. O governo federal e as prefeituras devem estar integrados no combate ao crime. Quanto mais organizados e falando a mesma língua, mais êxito alcançaremos para dar paz ao povo brasileiro.
Segurança Pública e Direitos Humanos não são dicotômicos. Ao contrário, o fortalecimento dessas duas políticas públicas tornam mais civilizadas as sociedades. Durante 8 anos nosso governo atuou com esse pensamento. E os resultados foram de fortalecimento da cidadania.
Estamos perdendo a luta contra o crime organizado em muitas partes do país. Isso é muito grave. Só se reverte com esse passo a passo descrito nesse artigo. Qualquer coisa fora disso é enxugar gelo. E ver a situação se deteriorar a cada dia.
*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho
