Por: Rodrigo Fonseca | Especial para o Correio da Manhã

Estreante abre a briga pela Palma de Ouro 2024 da

'Diamante Bruto' causou boa impressão na corrida pela Palma de Ouro de melhor longa | Foto: Divulgação

Sob o ronco dos motores de "Furiosa - Uma Saga Mad Max", que fez sua estreia mundial na Croisette, na quarta, o Festival de Cannes soube valorizar - e bem - as revelações de sua competição oficial, aberta com "Diamante Bruto". O longa-metragem, primeiro dos 22 longas em concurso, marca a estreia da francesa Agathe Riedinger. Por ser estreante, ela disputa ainda a láurea chamada de Caméra d'Or, dada a novos talentos.

Sua exibição aconteceu numa tarde de chuva fria no balneário, que anda penando nas mãos de São Pedro. Cai água dia a dia e os termômetros se mantém numa zona de 20 graus, o que, potencializado pelas águas, dá uma sensação térmica de baixar o queixo. Mas o vigor com que Agathe narra uma saga de obsessão pela fama aqueceu a Croisette.

Em "Diamante Bruto", a jovem Liane (Malou Khebizi) faz de tudo para poder chamar a atenção dos produtores de um reality show. Sujeita-se a humilhações, aguenta difamações, passa por perrengues violentos. A busca por dinheiro para comprar próteses de silicone vai leva-la a uma espiral de erros.

Causou surpresa (das boas) a fotografia de Michal Dymek no concorrente escandinavo "The Girl With The Needle", do sueco Magnus vonHorn. Sua trama se passa na Dinamarca, ao redor da I Guerra Mundial, quando uma jovem operária (Vic Carmen sonne) é apresentada a uma agência secreta de adoção de bebês. O local encobre um terrível segredo, o que eleva o tom de suspense do longa, elegantemente dirigido.

Já há um primeiro achado no festival, nas mostras paralelas: "On Becoming a Guinea Fowl", da Zâmbia. Rungano Nyoni é a cineasta responsável pelo filme. É um conto surrealista sobre o enterro de um homem cuja morte liberta demônios parentais há muito guardados. É um conto de fadas ao contrário.

Uma das maiores apostas do fim de semana na Croisette é "Lula", documentário de Oliver Stone sobre o atual presidente do Brasil. A produção segue a linha narrativa que o diretor de "Platoon" (1986) persegue desde "Comandante" (2003), sobre Fidel Castro. Artesão do cinema político, Stone ganhou notoriedade escancarando cicatrizes do Vietnã. Hoje, vem mantendo uma obra de documentarista mais ativa do que sua trajetória na ficção, sempre dando voz a líderes estrangeiros.