Por Daniele Madureira - Folhapress
O consumidor deve encontrar nas parreiras de ovos de Páscoa deste ano opções recheadas com biscoitos ou "bombons bola", uma tentativa da indústria de diminuir a quantidade de cacau nas apresentações. Isso porque o preço da matéria-prima disparou 189% em 2024.
A informação é de Gustavo Bastos, vice-presidente jurídico e de assuntos públicos da Nestlé, e presidente do conselho diretor da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), que apresentou nesta quinta-feira (20) o balanço anual do setor.
"Nesta Páscoa teremos mais opções na tendência 'chocobakery', união do chocolate com biscoito. É uma opção que o consumidor tem de continuar consumindo seu chocolate, com um pouco menos da presença de cacau, para que não haja um impacto tão forte sobre os preços."
Pico em 2024
Segundo Bastos, a indústria registrou pico de 400% de alta do cacau em 2024. Parte disso será repassado ao consumidor, em uma alta que deve chegar a dois dígitos, afirma. "Mas não será nada absurdo, como um aumento de 50% ou 70% [sobre o preço dos ovos]. A indústria faz uma ginástica para que o preço caiba no bolso do consumidor."
Na Nestlé, a produção de ovos de Páscoa começou em setembro, concentrada em Vila Velha (ES), na antiga fábrica da Garoto. Em Extrema (MG), a multinacional suíça está produzindo ovos da Kopenhagen, adquirida no ano passado.
A inflação sobre alimentos e bebidas atingiu 7,7% no ano passado, contra 1,02% de 2023, segundo dados do IBGE compilados pela Abia. Os industrializados puxaram a alta (8,94%), uma vez que os alimentos in natura registraram deflação de 1,93%.
O faturamento da indústria de alimentos cresceu 9,9% em 2024 e atingiu R$ 1,27 trilhão, segundo a instituição. O montante, em termos nominais, representa 10,8% do PIB (Produto Interno Bruto).