Ao mesmo tempo em que tentam resgatar sobreviventes do terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mianmar, no Sudeste Asiático, na sexta-feira (28), moradores e socorristas convivem com ataques aéreos realizados pelo próprio Exército. As ofensivas da guerra civil não foram interrompidas após o tremor, um dos maiores a atingir a nação, deixar mais de 1.700 mortos, segundo a junta militar que governa o país.
Ainda há cerca de 3.400 pessoas feridas e 300 desaparecidas, de acordo com o último balanço das autoridades mianmarenses. Neste domingo (30), um novo abalo de magnitude 5,1, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, paralisou temporariamente as operações de resgate. Na Tailândia, o número de mortos pelo terremoto subiu para 17.
Diante da falta de equipamentos, maquinários e socorristas, moradores de Mandalay cavavam com as próprias mãos para tentar salvar pessoas que estavam sob os escombros nas primeiras horas após o terremoto. Vizinha da região de Sagaing, onde foi localizado o epicentro, a cidade é a segunda maior do país e também a mais atingida.
No sábado (29), as buscas foram reforçadas com a chegada de 82 pessoas da equipe de resgate chinesa. Índia, Malásia, Rússia, Singapura e Tailândia também enviaram suprimentos e socorristas, mas há dúvidas sobre como a ajuda que foi destinada a Naypyitaw, onde vivem os militares da junta, será distribuída. A capital foi menos atingida que Mandalay, onde o terremoto provocou o desabamento de construções e pontes e danificou rodovias.
Agências humanitárias têm alertado que Mianmar não tem estrutura para enfrentar os impactos do desastre. Em crise política desde 2021, quando o Exército deu um golpe de Estado e depôs o governo civil eleito afirmando que havia fraude nas eleições, o país vive em contexto de violência generalizada e está com o sistema de saúde sobrecarregado por surtos de cólera e outras doenças.
Antes do terremoto, a ONU (Organização das Nações Unidas) estimava que a fome ameaçaria cerca de um terço da população em 2025.