Por: Aristóteles Drummond

Os percalços da família Bolsonaro

Bolsonaro fez críticas a Tarcísio de Freitas | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Nada mais revelador do que a notícia de que a senhora Michelle Bolsonaro pode disputar uma eventual eleição suplementar para o Senado pelo Paraná e não ter seu nome cogitado no Estado do Rio. Nada contra a ex-primeira-dama, que até se saiu bem na função, discreta, educada, sem vaidades ou deslumbramento. Muito melhor nestes pontos do que o marido.

Bolsonaro teve oito mandatos no Rio, desde vereador na capital a deputado federal, e sempre bem votado. Elegeu dois filhos, um vereador e outro estadual e senador de mandatos medíocres. Como parlamentar, apresentou projetos voltados para os militares e teve um corajoso papel ideológico. Por caprichos do destino, chegou a presidente. Fez, no geral, bom governo, preparou o país para um grande salto e, pelo despreparo, arrogância e ignorância, construiu uma improvável derrota, inclusive pelo adversário ter sido quem foi.

Macaque in the trees
Ex-presidente Jair Bolsonaro nada fez para os fluminenses | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Apesar de ter feito gestão com bons resultados, inclusive na infraestrutura, que pede recursos que o país não tem, nada fez pelos fluminenses. Incrível não ter equacionado questões vinculadas a concessões, como a subida da serra de Petrópolis, a descida da Dutra na Serra das Araras e o Arco Metropolitano. Não resolveu o polo petroquímico de Itaboraí, que garantiria um aumento de pelo menos 10% na arrecadação estadual e geraria empregos. Deixou o Galeão ser esvaziado, não tocou Angra III. Um omisso. O Rio teve a sorte de ter tido Cláudio Castro governador, paciente e dedicado, que vem administrando uma herança pesada e, mesmo assim, fazendo o Rio crescer. Gestão reconhecida pela população que o reelegeu no primeiro turno. E tudo com discrição, educação e cordialidade.

Agora Bolsonaro quer palpitar na eleição municipal. Não percebeu que seu apoio tem valor relativo pela liderança que efetivamente tem. Mas eleição pede alianças, confiança e habilidade. Se ele tivesse tido um mínimo de humildade, não teria sido derrotado. Candidato com sua marca terá chance zero. Seu apoio será positivo, mas não para seus preferidos, como Daniel Silveira, em quem declarou voto em detrimento do candidato de seu partido. É muito menos quem nunca tenha exercido mandato popular.

A família já começa a perceber que os erros foram demais da conta. Continuam isolados, sem aliados e sem o poder que trataram sem grandeza, humildade e sem pensar no dia seguinte. 

 

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