Por: Aristóteles Drummond

O exemplo de Nestor Rocha

Sambódromo Marquês de Sapucaí | Foto: Hudson Pontes/Prefeitura do Rio

A propósito dos 40 anos do sambódromo, que, com os CIEPs, marcaram a passagem de Leonel Brizola no governo do Rio, foi abordada a história do projeto que acabou por inspirar iniciativas semelhantes em outras capitais brasileiras.

Neste contexto, ficou claro que a ideia surgiu do então jovem vereador Nestor Rocha, que ocupava a Secretaria de Turismo. A tese era pôr fim a montagem das arquibancadas que eram precárias, de alto e sempre discutível custo todos os anos.

Brizola logo comprou a ideia, adotada pelo sempre animado Darcy Ribeiro, e o local foi definido e a obra, executada em tempo recorde. O traço ficou a cargo do genial Oscar Niemeyer. E o sambódromo está lá, relevante no entretenimento na cidade.

Mas o exemplo que precisa ser focado pelos atores da vida política, em momento em que a sociedade tanto pede exemplos de elegância, correção e desprendimento no exercício da função pública, foi a postura discreta de Nestor Rocha, que deixou a autoria da ideia limitada aos participantes do projeto, cedendo os louros ao governador Brizola e a seus dois escudeiros, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer - este autor também do projeto dos CIEPs.

Nestor exercia seu primeiro mandato em que foi eleito com o slogan "o vereador do Brizola", sendo reeleito pelos bons mandatos, com a marca da cordialidade e da lealdade. Depois foi escolhido por seus pares para o Tribunal de Contas do Município, onde se encontra. Homem público por vocação e dedicação, empresta hoje seu entusiasmo à valorização da região conhecida por Vale do Café, tendo Vassouras como centro.

Um exemplo de ética na política, da lealdade que nem sempre marca aqueles que chegaram aos mandatos alinhados a lideranças. O esquecimento tem triste tradição na política brasileira. Este detalhe acrescenta valor ao sambódromo.

Claro que, como não poderia deixar de ser, Nestor tem na mulher, Liliana Rodriguez, jornalista e administradora, uma exemplar companheira nessas iniciativas tão louváveis. E na postura natural nos homens de bem.

Agora já se sabe que ele foi o "pai do sambódromo" e, hoje, Liliana é "a mãe do Vale do Café", onde dirige empreendimento exemplar para a região.

Nem tudo está perdido com esse núcleo que resiste a uma safra de equivocados políticos, mas que está passando. O Brasil quer um futuro sem os atores principais de hoje. De todos os lados. Temos quadros e exemplos como este a prestigiar.

 

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