Por: POR RUDOLFO LAGO

CORREIO POLÍTICO | O brasileiro acredita em si mesmo. Já no governo…

Brasileiros acham que vida melhora, pelo seu esforço | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Sem fazer nenhum recorte político, o Radar Febraban, pesquisa trimestral que o Instituto Ipespe faz para a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), ajuda muito a explicar os problemas de popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quinta-feira (3), Lula promoveu um grande evento no Palácio do Planalto para mostrar o que o seu governo anda fazendo. Se tais melhoras estivessem sendo perceptíveis, se o brasileiro as sentisse ao andar nas ruas, nenhum esforço de comunicação seria necessário. A última rodada do Radar Febraban ajuda a entender. O brasileiro é um otimista. De um modo geral, acha que sua vida vai melhorar. Mas não inclui o governo entre os fatores que irão produzir essa melhora.

 

Sete em dez

Pessoalmente, segundo o Ipespe, sete em cada dez brasileiros (72%) dizem-se satisfeitos ou muito satiseitos com a sua vida. E, embora tenha caído um pouco (era 80%), 77% expressam sentimentos positivos com relação à sua vida, como esperança, alegria e confiança.

Vai melhorar

Assim, 75% acham que sua vida e a das suas famílias vai melhorar em 2025. Esse percentual vem se mantendo estável na pesquisa. Foi o mesmo na rodada anterior. Mas tinha chegado a cair para 62% em outubro do ano passado, o menor percentual obtido no levantamento.

Já a visão do país difere profundamente

Inflação dos alimentos no topo das preocupações | Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Se é assim positiva a expectativa demonstrada pelo brasileiro com relação à sua vida pessoal, sua visão quanto ao país já é bastante diferente. A expectativa de que o país irá melhorar é de somente 45%. E caiu com relação à rodada anterior, quando era 49%. Para 23%, tudo irá permanecer como está (antes, era 19%) E acham que a situação vai piorar 30% (antes, eram 28%). Considerando-se a situação até agora, a situação é ainda pior: 35% somente acham que o país melhorou, um recuo de cinco pontos percentuais com relação a dezembro do ano passado, quando era 40%. A perspectiva de piora - 34% - é a maior de toda a série histórica.

Chave

Questionado pelo Correio Político se é aí que está a chave da impopularidade de Lula, o presidente do Conselho Científico do Ipespe, Antonio Lavareda, respondeu: "Sim". Porque aí, mostra a pesquisa, estão os problemas que afetam o governo, especialmente a inflação.

Está caro

A expectativa de alta na inflação, diz o Ipespe, deu um salto significativo do final do ano passado para agora. De 74% para uma quase unanimidade, de 89%. A ideia de que houve estabilidade nos preços teve um recuo de nove pontos, ficando em 18%. Só 2% viram queda.

Alimentos

Os alimentos puxam essa sensação. Para 70%, estão mais caros. Um percentual de 31% indica o preço dos combustíveis. Juros de dívidas, cartões de crédito e empréstimo são a preocupação de 16%. Escolas, faculdades e outros estabelecimentos de ensino são a resposta de 6%.

Pessimismo

Entre as razões de pessimismo, predomina a inflação e o custo de vida, seguido da preocupação com o desemprego. Saúde fica no topo das prioridades (31%), ultrapassando emprego e renda. Enfim, o brasileiro parece ter se desgarrado do governo. Não depende dele.