Por: Aristóteles Drummond

Equipes comuns: de Collor a FHC

Impressionante a falta de memória no Brasil. Marcílio Marques Moreira, de 94 anos, vem de lançar livro autobiográfico que mostra uma rica trajetória de mais de seis décadas a serviço do Brasil.

Diplomata inicialmente, administrador de empresas, intelectual, exerceu cargos relevantes, sejam municipais, estaduais e federais. Embaixador nos EUA, foi ministro da Fazenda na equipe final do presidente Collor de Mello.

Quando se fala no ex-presidente, a referência é sempre o processo de impeachment e os casos de corrupção. Nada sobre o grande passo de modernização do estado brasileiro, o início das privatizações, do acordo da dívida e da presença internacional mais relevante. Muito menos da alta qualidade de seu ministério.

Ao longo da interessante narrativa de Marcílio Marques Moreira, chama a atenção a presença na equipe do governo de personalidades que vieram a marcar presença relevante nos dois mandatos de FHC, cuja qualidade da equipe é sempre, e merecidamente, elogiada.

Entre outros, os jovens economistas Pedro Malan, Armínio Fraga e Francisco Gros; o primeiro foi ministro de FHC e os dois outros, diretores e presidentes do Banco Central e Petrobras. Também ocuparam cargos de importância o advogado José Gregori, que foi ministro da Justiça e embaixador em Portugal; Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores; e Jorge Bornhausen, embaixador em Portugal. Todos do círculo mais íntimo do presidente. Aliás, segundo consta, o próprio FHC não aceitou ser ministro de Collor por interferência de Mário Covas.

O último ministério de Collor de Mello foi dos melhores de nossa história. Adib Jatene, grande médico, Jarbas Passarinho, expoente da safra de coronéis de 64, Célio Borja, nome respeitado e que foi para o Supremo depois de ser presidente da Câmara dos Deputados. Esquerdistas notórios foram ministros de Collor, como José Goldemberg, mais de uma pasta, Hélio Jaguaribe, Sergio Rouanet e o respeitado Francisco Rezek. Silêncio total, deles e de todos.

Na verdade, depois de FHC, caiu muito o nível dos ministros, com melhora em Temer e os quatro bons de Bolsonaro, que foram Paulo Guedes, Tereza Cristina, Tarcísio de Freitas e Marcos Pontes.