Por: William França

BRASILIANAS | Você sabe quantos passageiros vêm do Entorno para o DF? Me conte...

Quantos passageiros usam o transporte coletivo no Entorno? Ninguém sabe | Foto: Jornal A Verdade

O número é desconhecido, porque o setor está submetido a uma inacreditável autoregulamentação

Você não sabe. Eu não sei. Os governos do DF e de Goiás não sabem. A ANTT também não sabe...

E por que ninguém sabe? Porque ninguém tem dados oficiais sobre o número de passageiros transportados todos os dias. Como assim? Explico...

Atualmente, sete empresas de ônibus "prestam serviço" fazendo o transporte de ônibus entre as cidades goianas e o DF: Amazônia Inter Turismo, Central Expresso, Kandango (Catedral Turismo), Rota do Sol, União Transportes e Viação Transportes, além da Taguatur.

Das sete empresas, APENAS UMA (a Taguatur) foi licitada pela ANTT. APENAS UMA tem algum tipo de controle. As seis demais, que foram apenas autorizadas pela ANTT, prestam informações no modelo "autodeclaração".

Isso mesmo: são as seis empresas do Entorno que informam à ANTT quantos passageiros transportam por dia. Mas não há nenhum controle da bilhetagem. Nem controle de catraca.

São as próprias empresas que "controlam" que linhas atenderão, com que tipo de ônibus, com quantos veículos e em que horários.

E (pasmem!), com base nos próprios dados, elas dizem que precisam de reajuste na tarifa. E a ANTT concede...

Assim, mesmo... AUTORREGULAMENTAÇÃO.

Para se ter uma ideia da encrenca, a ANTT não conseguiu concluir NENHUM processo licitatório nos últimos 18 anos. A licitação que selecionou a Taguatur já tem 15 anos.

Mas, quantos são os passageiros, afinal?

O GDF estima em 175 mil passageiros/dia. O Governo de Goiás fala em 225 mil, sendo que 70% deles seriam para trabalhar em algum serviço público no DF.

Descobrir de fato quantos passageiros são transportados e fazer métricas auditáveis (e fiscalizáveis pelo Ministério Público) é o primeiro desafio para fazer funcionar o tal consórcio em estudo.

Soma-se a isso o transporte pirata (feito por ônibus clandestinos) e mesmo por carros, para piorar um tanto mais. Esse é um segundo problema a ser superado.

Depois, fazer com que sejam selecionadas empresas dispostas a atuar na região. "Brasilianas" apurou que algumas das empresas que hoje operam no DF têm interesse em ampliar sua atuação para além do Quadradinho.

Para isso, usariam até mesmo ônibus recém trocados na frota do GDF e que ainda não foram revendidos. Apesar de terem mais de 5 anos de uso, certamente são muito mais novos do que qualquer um dos que atualmente rodam pelo Entorno.