Senac dá o impulso com a abertura de seu maior centro de educação profissional no DF. Número de imóveis sem ocupação tem redução (estimada) de 20% em um ano. 'Hora de investir é agora', afirma analista
O Setor Comercial Sul (SCS) tem passado os últimos anos com ar de abandono - apesar das inúmeras obras de revitalização que vêm sendo feitas por lá pelo Governo do Distrito Federal. Já foram investidos pelo menos R$ 10,4 milhões, desde 2022.
Um dos primeiros locais consolidados na Nova Capital, referência no DF quando se falava em atividades comerciais e prestação de serviços, e que abrigou grandes escritórios de advocacia, bancos e sedes de empresas, por onde circulavam pelo menos 150 mil pessoas por dia, o SCS agora só ganha algum agito nos dias de Carnaval, quando se torna o "Setor Carnavalesco Sul" e abriga alguns blocos da folia.
Logo após a pandemia da Covid-19 (em 2021), um levantamento feito pelo Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) indicou que o SCS tinha pelo menos 101 lojas fechadas e 680 salas sem funcionar. Das seis quadras do setor, a mais afetada era a quadra 2, com 29 lojas sem operar.
"Brasilianas" não encontrou nenhum novo censo do local. Mas ainda há pelo menos 10 prédios totalmente desocupados no SCS, segundo empresários do setor.
Mas esses mesmos empresários indicaram que, nos últimos dois anos, houve uma redução de aproximadamente 20% no número de imóveis desocupados.
Para isso, se valem de dados de um levantamento (informal) de que há, hoje, 795 imóveis sem ocupação contra 962 de uma pesquisa anterior. "Pelo que parece, está havendo sim uma reocupação", afirmou à "Brasilianas" um analista econômico que atende o setor empresarial.
E esse mesmo analista até sugere: é hora de investir lá. "O preço do aluguel ainda está módico. A hora de investir é agora, porque num futuro breve vai se tornar um importante polo, como nos grandes centros do mundo afora", complementa.
Rol de reivindicações
Entre as principais queixas dos comerciantes (e explicações para a desistência dos negócios no SCS) estão a falta de estacionamentos. Os empresários pleiteiam a implantação da Zona Verde, com o rodízio e cobrança pelas vagas. O GDF já sinalizou com uma licitação internacional para realizar esse serviço - por ora, paralisada.
Outro ponto é a insegurança (ou a sensação dela), causado em boa parte pela presença ostensiva de moradores de rua (que se instalam em frente às lojas, e não podem ser removidos) e da velha e famosa prostituição noturna na área.
Há queda no número de ocorrências policiais no local - a maioria, hoje, envolve brigas e confusões justamente com os moradores de rua (muitos usuários de drogas). Também reduziu o número de furtos, mas (talvez) se deva justamente pela redução de público circulante. Sem pedestres, sem assaltos.
"Estou no Setor Comercial Sul desde 1987. Realmente, aqui está passando por um problema social", disse à "Brasilianas" o presidente do Sindicato da Habitação do DF (Sicovi-DF), Ovídio Maia. Mas ele aponta as mudanças nas regras de ocupação do setor como a esperança para que o local revigore.
"Com os investimentos na requalificação que está sendo feita pelo governo do DF, e pela ampliação dos usos no setor, certamente atrairá muitas empresas", afirma o empresário. "Haja visto toda a infraestrutura existente: metrô, ônibus que atendem todo o DF e Entorno, além de fibra óptica e a excelente localização - fica no coração de Brasília."
E completa: "Temos certeza de que o coração do Setor Comercial Sul voltará a pulsar. Estamos otimistas", concluiu Ovídio Maia.

Pedido de isenções localizadas
Em maio de 2023, o GDF e a Câmara Legislativa tornaram lei a proposta que ampliou o número de atividades no local, permitindo a instalação de faculdades, creches e instituições de educação de nível técnico, entre outras. Ao todo, são aproximadamente 300 novas atividades comerciais permitidas.
Atualmente, estima-se que aproximadamente 50 mil pessoas trabalhem no local. Para estimular que mais empresas abram suas portas no SCS, Ovídio Maia disse que os empresários têm feito reivindicações pontuais, como a da redução do IPTU.
"Já apresentamos a pauta para o GDF. Seriam benefícios fiscais para quem está no Setor Comercial Sul e para quem quer se instalar (aqui) também. Por exemplo, o pagamento de 50% no IPTU e a redução do ISS e do ICMS por um período de 3 a 5 anos", explicou.
Segundo o presidente do Secovi, os empresários defendem que os recursos arrecadados pelas empresas do SCS sejam investidos no próprio setor. " Ou seja, não irá gerar custos para o GDF e trará benefícios para todos", explica o empresário.
E completa: "Temos certeza de que essas ações trarão muitas empresas para o local e diminuirão os problemas de roubo, assalto, depredação, venda e consumo de drogas no local feitos pelos traficantes e por alguns moradores de rua."