O novo diretor institucional da CSN é Rafael Vitale, que assume a função depois de atuar como diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) por cerca de quatro anos. O executivo assume a direção imediatamente e não cumprirá a quarentena de seis meses, como ocorre em casos que há conflito de interesses, apesar de a CSN ter negócio no setor ferroviário, regulado pela ANTT. A contratação de Vitale foi chancelada pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP).

Vitale alegou à comissão que não teve acesso a informações privilegiadas na ANTT. O Grupo do empresário Benjamin Steinbruch controla a Transnordestina Logística SA e a Ferrovia Transnordestina Logística SA. E mais: Vitale intermediou um acordo, no final de 2022, que gerou à CSN uma economia de R$ 3,429 bilhões. A informação é do Metrópoles, divulgada nesta quinta (20).

"Embora a CSN possui participação acionária em ferrovias, estas empresas são autônomas, possuem gestão e processo decisório próprios, além desses negócios estarem fora do escopo de trabalho da função de Diretor Institucional da CSN ora proposta, que será concentrada em atividades voltadas para oportunidades e soluções nos setores de siderurgia e mineração", alegou Vitale.

Ainda segundo informações do Metrópoles, outro colaborador da ANTT foi parar diretamente na CSN, em abril do ano passado. Trata-se do ex-superintendente de Transporte Ferroviário da agência, Ismael Trinks, que tem em comum com Vitale o fato de também ter participado das negociações que teriam beneficiado a CSN com valores bilionários. O benefício à CSN ocorreu quando a agência reguladora excluiu um trecho de 522 km do traçado originalmente concedido pela União à TLSA para a ferrovia Transnordestina. Esse trecho, todo ele no território de Pernambuco, conectaria Salgueiro ao Porto de Suape, como divulgou o site Metrópole.

O curriculum de Rafael Vitale inclui ainda um inquérito aberto pela Polícia Federal pelos crimes de corrupção passiva e prevaricação. Ele é acusado de atuar contra o novo marco regulatório do setor de transporte rodoviário interestadual de passageiros, em discussão na agência. As ações de Vitale buscariam atender a interesses de agentes políticos ligados a tradicionais grupos empresariais e que promoveram sua indicação ao comando da ANTT. O inquérito foi aberto pela Polícia Federal em 2022.