O Museo de Arte Moderno de Bogotá (Mambo) recebe, até 1º de junho de 2025, "Memórias de Alagamento", a primeira exposição solo institucional de Uýra. Com curadoria de Eugenio Viola e Juaniko Moreno, a exposição transforma os corpos d'água em arquivos vivos de história, resistência e espiritualidade.
Uýra é uma artista indígena, trans, natural do Amazonas, cujas obras abordam temas como identidade, natureza e a interseção entre culturas indígenas e contemporâneas. Com uma trajetória marcada pela fotografia, vídeo e performance, ela busca promover diálogos entre os saberes ancestrais e as urgências do mundo moderno, principalmente no que tange à preservação ambiental e aos direitos dos povos originários.
Seu trabalho é profundamente conectado às questões sociais e ambientais, e a artista utiliza a arte como um meio de resistência e denúncia, dando voz às comunidades marginalizadas.
O título da exposição evoca a capacidade da água de lembrar seu curso, mesmo soterrada. Uýra investiga como os rios amazônicos e as bacias urbanas contam histórias de povos deslocados pela urbanização e pelo extrativismo. Obras como "A porra da árvore" (2019), "A terra pelada" (2018) e "Mil quase mortos" (2018) denunciam o desmatamento e a poluição dos rios na região.
Durante sua residência em Bogotá, Uýra estudou o Rio San Francisco-Vicachá, estabelecendo paralelos entre a diáspora do povo Munduruku e as lutas dos Muisca na Savana de Bogotá.
"A exposição se divide em três momentos: atravessar, refletir e conectar. Atravessar territórios e tempos, refletir sobre transformações sociais e conectar memórias e realidades", detalha Uýra, que funde biologia, ecologia e performance para reimaginar a relação entre corpo e território, dando voz à natureza e às comunidades marginalizadas.
Localizado no centro de Bogotá, o Mambo é um dos principais centros culturais colombianos dedicado à arte contemporânea. Fundada em 1963, a instituição possuí uma rica coleção que abrange a produção artística nacional e internacional do século XX até o presente.