Por: Affonso Nunes

Saudade é coisa que dá e fica

Sonynha e Luis Cláudio Ramos, o diretor musical de Chico Buarque, que assina 11 dos 13 arranjos do álbum | Foto: Marcelo Castello Branco/Divulgação

Integrante do Quarteto em Cy por décadas, a cantora Sonya lança "Da Saudade Boa", seu segundo álbum solo, reunindo canções inéditas, regravações e músicas que marcaram sua trajetória e memórias mais afetuosas. O disco está disponível nas principais plataformas digitais.

O repertório, explica a artista, gira em torno da saudade - de lugares, tempos e pessoas queridas, como amigos, colegas de música e mestres. Entre os momentos especiais do álbum está a participação do saudoso João Donato (1934-2023), que toca dois pianos na faixa "Gaiolas Abertas", composta por ele e Martinho da Vila, com arranjo do próprio Donato. Das 13 faixas, 11 contam com arranjos de Luiz Claudio Ramos, maestro, violonista e diretor musical de Chico Buarque. Com ele e Chico, Sonya interpreta "Outra Noite" e ainda teve o privilégio de dividir os vocais com Chico.

Entre as composições inéditas, destacam-se "Dois Tons", de Fernando Leporace e Celia Vaz, com arranjo de Leporace, e "Abertura dos Portos" (Zé da Lata/Espigão), que abre o álbum. A faixa-título é assinada por Miltinho e Magro Waghabi 91943-2012), do MPB4, dois grandes amigos da cantora. "Uma imensa satisfação e honra receber o convite da minha querida amiga de vida e palco, Sonynha, para participar desse álbum. Além disso, ela escolheu nossa música, minha e do saudoso Magro, como título do disco. Estar ao lado de grandes compositores e músicos como João Donato, Bebeto Castilho, Celia Vaz e Fernando Leporace torna tudo ainda mais especial. E os arranjos do Luiz Claudio Ramos ficaram maravilhosos", celebra Miltinho.

Dedicada aos afetos que a moldaram como artista, Sonya interpreta "Vida de Artista", de Sueli Costa e Abel Silva, compositores que admira. A paixão pela música a levou a homenagear Michel Legrand com "Valse des Lilás", que, na versão de Ronaldo Bastos, tornou-se "A Minha Valsa", já gravada por Nana Caymmi e pelo casal Francis e Olivia Hime. Sonya recebeu Legrand para um almoço em sua primeira visita ao Brasil, nos anos 1970. Outra referência internacional, George Gershwin, aparece no álbum com "Someone To Watch Over Me", escrita em parceria com seu irmão Ira Gershwin.

A cantora revisita sua própria história, resgatando a convivência com Luis Carlos Sá e Sidney Miller, com quem formou o grupo Mensagem em 1965. De Miller, grava "Meu Violão"; de Sá, "Samba da Aurora". Tom Jobim, outro nome essencial, é lembrado em "Você Vai Ver", parceria dele com Ana Lontra Jobim. Além disso, Sonya interpreta "Ao Amigo Tom", homenagem de Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Osmar Milito - mais um de seus queridos amigos.