Por Marcello Sigwalt
Com juros menos corrosivos, a economia responde bem, obrigado. Foi o que ocorreu em 2024, quando o país colheu uma inédita alta de 3,1% do PIB per capita, de R$ 56.796 (maior nível da série histórica), para um crescimento econômico de 3,5% e uma expansão populacional de 0,4%. A produtividade da economia atingiu R$ 100.699.
A informação foi divulgada, nessa quinta-feira (6), pela coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Silvia Matos, ao observar que "o PIB per capita acelerou [recentemente]. Tivemos o pico em 2013, depois entre 2014 e 2016 teve contração, sendo que em 2015 e 2016 foram quedas muito fortes, acima de 3%. Nessa janela a queda acumulada foi de mais de 8%. Dessa forma, depois de 2013 [o PIB per capita] foi ladeira abaixo".
Entre os fatores para a dinâmica positiva, Silvia avalia que o crescimento 'robusto' do PIB no ano passado teve o impulso decisivo do consumo da população, além de ter sido "anabolizado" por maiores estímulos fiscais por parte do governo federal, sem contar mais gastos públicos adicionais em ano eleitoral.
Silvia, todavia, ressalta que se trata de um crescimento 'amargo', pois é acompanhado de inflação resiliente, que corrói o poder de compra da população, que ainda enfrenta taxas de juros mais elevadas, vide Selic a 13,25% ao ano atualmente.
Como reforço à trajetória ascendente do PIB per capita, a economista do Ibre/FGV assinala que, ao final de 2023 o PIB per capita ainda se encontrava 0,7% abaixo do pico de 2013.
A conclusão é que um crescimento projetado, superior a 3% para 2024 será mais do que suficiente para superar o patamar pré-crises.
O processo de recuperação do poder aquisitivo dos nacionais, porém, foi lento e gradual, demandando 11 anos, para que voltar ao patamar de PIB per capita pré-crise.