A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que a elevação de um ponto percentual (p.p.) da taxa básica de juros, a Selic, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (19), não é necessária para controlar a inflação e prejudicará o ritmo de crescimento da economia. A Selic passou de 13,25% para 14,25% - maior patamar desde 2016.
"O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação", avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.
Na avaliação da CNI, a perda de fôlego econômico já influencia as expectativas em torno da inflação. De acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central, a inflação esperada para os próximos 12 meses passou de 5,49%, na mediana apurada em 28 de fevereiro, para 5,23%, na mediana apurada em 14 de março. O PIB do quarto trimestre de 2024 cresceu bem abaixo do esperado.
O aperto monetário em curso já se traduz em aumento efetivo da taxa de juros dos tomadores de crédito. Em setembro de 2024, quando o Copom começou a aumentar a Selic, a taxa de juros média era de 27,54% a.a. Em janeiro de 2025, passou para 29,82% a.a. A CNI ressalta que os efeitos das quatro altas da Selic sequer tinham se materializado plenamente, uma vez que há uma defasagem temporal entre a alteração nos juros básicos e o impacto na economia.