O Fervo da Lud, bloco comandado pela cantora Ludmilla, foi o grande destaque da programação do Carnaval de Rua do Rio na manhã desta terça-feira (4). Com seu repertório de sucessos próprios, músicas do axé e do pagode e participações especiais como as de MC Carol e Luiza Perissé, do hit "Trap do Trepa Trepa", a cantora atraiu 750 mil foliões para o circuito de megablocos da Rua Primeiro de Março, no Centro. Com uma camisa em homenagem à cantora Preta Gil, que se recupera de uma cirurgia, Ludmilla cantou "Sinais de Fogo", dedicando seu desfile à artista, a quem considera sua madrinha musical.
"Esse bloco é algo que sempre sonhei. Sempre tive o sonho de ser cantora e é muito bom poder cantar para esse público no Rio de Janeiro", disse Ludmilla.
No repertório da cantora, "Socadona", "Hoje", "Café da manhã", parceria com Luísa Sonza; "Rainha da Favela", "Maldivas" e "I love you too", além faixas de seu aclamado álbum "Numanice", como "Ela Não".
Outros blocos
A terça-feira teve ainda outros destaques na Zona Sul: o Bloco das Carmelitas, que voltou a reunir foliões nas ladeiras de Santa Teresa; o Vagalume o Verde, cordão ecologicamente correto que desfilou pelo Jardim Botânico, e o tradicional Bloco do Clube do Samba, comandado por Diogo Nogueira, em Copacabana, com participações especiais de Arlindinho e Marina Iris.
A Orquestra Voadora desfilou na Glória, com o tema "Ideias para adiar o fim do mundo", inspirado no livro de Ailton Krenak, que propõe uma reflexão sobre o Carnaval como ferramenta criativa, ato de resistência e chamado a um futuro mais sustentável. Com o seu cortejo de multi instrumentistas e pernas de pau, o coletivo percorreu o Aterro do Flamengo, do Outeiro da Glória ao MAM. Entre os destaques de outras regiões, a Zona Oeste terá o desfile do Virilha de Minhoca, tradicional bloco de Bangu; e a Zona Norte terá apresentações das bandas do Largo da Segunda Feira e da Saens Peña, na Tijuca. Ao todo, a cidade teve 54 desfiles por diversas regiões até o fim do dia.
Outros dias
O clima emocionado da premiação de "Ainda estou aqui", filme de Walter Salles que acaba de vencer o primeiro Oscar da história do Brasil, e o movimento de repúdio à repressão e aos regimes ditatoriais tomaram conta do Carnaval de Rua do Rio na segunda-feira (03). Com a irreverência de seus enredos e homenagens a Elis Regina e Fernanda Torres, os blocos Sargento Pimenta, no Aterro do Flamengo, e Vem Cá Minha Flor, no Centro, foram alguns dos 48 cortejos que animaram multidões por toda a cidade com suas orquestras de multi-instrumentistas. Juntos, os dois blocos atraíram cerca de 100 mil pessoas para a folia das ruas pela manhã.
O Aterro do Flamengo foi tomado pelo clima da festa do Oscar. Era o desfile do Sargento Pimenta, que teve até premiação com o nome de Fernanda Torres: os troféus "Ainda estou aqui", para o folião com mais tempo de bloco; "Já estou aqui", para o mais jovem; além de um prêmio para a melhor fantasia. O cortejo, que desde 2011 faz a alegria dos foliões com canções dos Beatles em ritmo de samba, no Carnaval deste ano homenageou a cantora Elis Regina, a "Pimentinha", que completaria 80 anos em março.
Do palco montado em frente ao Monumento dos Pracinhas, a banda animou o público com arranjos exclusivos para clássicos do quarteto de Liverpool. Na lista, "All you need is love", "Yesterday", "Yellow submarine" e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", canção que dá nome ao bloco, somadas a sucessos do repertório de Elis, como "O bêbado e a equilibrista", canção de Aldir Blanc que acabou ficando conhecida como o hino da anistia ao pedir o fim da repressão e "a volta do irmão do Henfil".
Com uma orquestra de frevo formada por 120 instrumentistas, em sua maioria, da Zona Oeste da cidade, e 15 bate-bolas à frente do cortejo, o Vem Cá Minha Flor reforçou a tradição da cultura do subúrbio através das históricas fantasias de Clóvis. Conhecida por florir o Centro da cidade a cada desfile, a agremiação, em seu nono evento, também homenageou a atriz Fernanda Torres: um grupo de pernaltas abriu um clarão, bem no meio do cortejo, e desfraldou uma Bandeira do Brasil com o rosto da protagonista de "Ainda estou aqui" ao centro, arrancando gritos de "Sem anistia".
Executadas pela banda afinada, canções como "Milla", de Netinho, "Identidade", de Jorge Aragão, e "Haja amor", de Luis Caldas, tema do bloco, animaram a multidão. Marchinhas como "Balancê", composta por João de Barro e Alberto Ribeiro em 1936, lembraram antigos carnavais.
O Cordão da Bola Preta abriu oficialmente o Carnaval de Rua 2025 neste sábado (01), celebrando em grande estilo o 106º desfile da agremiação, dentro das comemorações pelos 460 anos da cidade do Rio de Janeiro. Com o tema "Rio, eu te amo", o tradicional cortejo atraiu cerca de 500 mil foliões para a Rua Primeiro de Março, no Centro, ao som de marchinhas de Carnaval, sambas-enredo históricos e canções de MPB com novos arranjos.
Além da tradicional banda, uma corte de peso acompanhou as quatro horas de desfile do bloco, tendo como destaques a rainha da agremiação, Paolla Oliveira, a porta-estandarte Leandra Leal e a musa da banda, Emanuelle Araújo, que chegou a cantar para os foliões.
Fundado em 31 de dezembro de 1918, o Cordão da Bola Preta é o mais antigo dos blocos de rua do Rio em atividade. Ao longo de mais de um século, a agremiação atrai foliões de todas as idades, com figurinos que carregam as cores do cordão e as famosas bolas pretas.