Por Igor Siqueira (Folhapress)
Pouco mais de dois meses se passaram desde que Ronaldo Fenômeno confirmou a intenção de ser candidato à CBF. Na prática, ele tem constatado a dificuldade que é arrumar o apoio para, pelo menos, ter o direito de participar. O cenário político da CBF favorece quem está no poder. Atualmente, Ednaldo Rodrigues.
Ronaldo admite isso na carta que enviou a Fifa, Conmebol, CBF, clubes e federações. Numa crítica ao processo eleitoral, o ex-jogador disse que "o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas".
Ronaldo, hoje, não tem qualquer apoio formal da principal categoria de eleitores da CBF: as federações estaduais.
Por mais que tenha se reunido com Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, o Fenômeno deixou o encontro sem o apoio na eleição.
Para registrar chapa, um candidato precisa ter ao seu lado quatro federações e quatro clubes, no mínimo. Não é à toa que esse pedaço do estatuto é chamado de cláusula de barreira.
E tem mais: o voto das entidades estaduais tem peso três. Juntas, são capazes de ganhar "sozinhas" a eleição.
E os 40 clubes das Série A e B? Se decidissem apoiar um candidato específico de oposição, conseguiriam gerar uma obstrução eleitoral. Sem clubes, o nome da situação também não conseguiria registrar chapa. Mas trata-se de um cenário fora da realidade atual - para não dizer impossível.
Ronaldo fez sinalização aos clubes, mas sem retorno consistente até agora. A falta de previsibilidade sobre quando, de fato, o processo eleitoral começará embaralha as coisas. E quem aperta esse botão é justamente Ednaldo.
A partir de 23 de março, tudo pode acontecer - é o prazo estatutário a partir do qual o pleito pode ser marcado. O Fenômeno pediu na carta enviada esta semana que a data seja definida com pelo menos um mês de antecedência.