Por Igor Siqueira (Folhapress)
Quando o major William, subcomandante do Batalhão Especializado de Policiamento de Estádios (Bepe), deixou a Ferj, a leitura corporal e o tom de voz já indicavam que a rota da discussão entre Vasco, Flamengo e a federação não tinha tomado o caminho que o policiamento queria inicialmente. "A Federação é quem vai falar", disse ele à reportagem, de forma lacônica.
Em jogo, não só a semifinal do Carioca, mas principalmente a definição do local do jogo de ida do mata-mata do estadual. O Vasco indicou o Nilton Santos para o duelo com o Flamengo, vetando o enfrentamento no Maracanã.
A polícia não queria, a Ferj não queria e o Flamengo, claro, também não. Mas o direito do mandante prevaleceu. Afinal, o Vasco queria mandar o jogo em seu estádio próprio, São Januário, mas foi vetado pelo regulamento. Então, obviamente, não faria sentido dar a vantagem do Flamengo jogar as duas partidas no estádio em que manda seus jogos o ano inteiro.
A reunião, em si, não foi tão tensa como em épocas anteriores de Vasco x Flamengo nos bastidores da federação. Mas não quer dizer que a queda de braço tenha terminado.
A perspectiva vascaína envolve elementos técnicos, comerciais e financeiros.
Em contrapartida, o Flamengo vê contradições de um rival que já brigou até na Justiça para jogar no Maracanã e tem jogadores que não gostam do gramado sintético.
O Vasco revelou que tentou negociar com o Flamengo as condições para usar o Maracanã, no domingo, mas não teve resposta. E como o regulamento do Carioca estabelece que os clássicos aconteçam no formato 50/50, São Januário foi vetado, restando ao Vasco o Maraca ou o Engenhão. E como o Cruz-maltino vem fazendo bons jogos no Engenhão, acabou sendo a escolha óbvia. A medida tira o Flamengo de um ambiente em que está acostumado a jogar.
O incômodo do Vasco também passa pelas exigências da gestão do Maracanã de vetar o direito a explorar camarotes, alimentos e bebidas, estacionamentos.
Com o Vasco fazendo valer seu direito, o Bepe avisou que seria preciso fechar os dois setores atrás dos gols no Nilton Santos.