Por Gabriel Milaré e Christine Lourenço*
No apagar das luzes em 2024, a Austrália anunciou a proibição do uso de redes sociais para menores de 16 anos, provocando uma intensa discussão sobre os limites entre proteção e liberdade no ambiente digital. Essa decisão, que reflete uma crescente preocupação global com o impacto da tecnologia na infância e adolescência, levanta questionamentos importantes: a proibição é a melhor solução para proteger os jovens, ou o caminho mais eficaz seria educá-los para navegar com consciência nesse universo?
De um lado, há argumentos sólidos a favor da proibição. Uma pesquisa da Common Sense revelou que 97% dos adolescentes utilizam o aparelho em sala de aula por uma média de 43 minutos, sendo que, desse tempo, 32% é destinado às redes sociais e 26% a plataformas como o YouTube. Dados como este motivaram a proibição de celulares nas escolas.
No Brasil, a proibição sancionada em Lei Federal no dia 13 de janeiro deste ano possui argumentos baseados em algumas pesquisas, como o relatório de 2022 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que demonstra que os estudantes que passam mais de cinco horas diárias conectados a dispositivos digitais têm, em média, um desempenho até 20% inferior em testes de matemática.
O ambiente digital expõe as crianças a riscos como bullying virtual, conteúdo impróprio e a busca incessante por validação através de curtidas e seguidores, um comportamento que pode gerar ansiedade e comprometer a autoestima. Para muitos especialistas, uma medida restritiva é essencial para frear esses impactos negativos e proteger o desenvolvimento emocional e cognitivo dos jovens.
Dessa forma, entende-se que medidas restritivas, embora apresentem benefícios claros, como a melhora na atenção e no desempenho acadêmico, precisam vir acompanhadas de estratégias pedagógicas para garantir que o tempo desconectado seja preenchido com atividades significativas.
*Gabriel Milaré, coordenador pedagógico do Grupo Salta
*Christine Lourenço, diretora pedagógica do Grupo Salta