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Fim do fôlego: Lula é reprovado por maior parte da população

Por Karoline Cavalcante

O fôlego conferido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela denúncia da Procuadoria-Geral da República contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe parece ter chegado ao fim. Pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) encomendada ao Instituto MDA Pesquisa confirma o que outros levantamentos anteriores já diziam sobre o mau momento de popularidade do governo.

O presidente da República é desaprovado por 55,3% da população e aprovado por 40,5%. Esses dados foram divulgados nesta terça-feira (25). A avaliação negativa representa um aumento de 9 pontos percentuais (p.p.), enquanto a positiva apresenta uma queda de 10 p.p. em relação à última pesquisa, realizada em novembro de 2024.

Na avaliação do governo, a popularidade é ainda mais baixa: 28,7% dos entrevistados classificam o desempenho como "ótimo" ou "bom", 44% como "ruim" ou "péssimo", e 26,3% como "regular". Na rodada anterior, as perspectivas positivas eram de 35%, enquanto as negativas correspondiam a 31%. Esses índices são os mais extremos desde maio de 2023, quando foi realizado o primeiro estudo sobre a atual gestão.

O levantamento revela que as percepções positivas são mais acentuadas entre o público de 60 anos ou mais, pessoas com até o ensino fundamental, com renda inferior a dois salários mínimos, moradores da região Nordeste e praticantes da religião católica. Por outro lado, as percepções negativas predominam entre aqueles com renda superior a cinco salários mínimos, evangélicos, residentes da região Sul e pessoas com ensino superior.

Segundo o diretor de pesquisa do instituto MDA, Marcelo Souza, o grande destaque da queda generalizada na popularidade do governo do presidente Lula é devido à ênfase na percepção de piora na condução do governo, na economia e no aumento dos preços dos produtos. "É essencial que o governo elabore uma agenda positiva para o país, priorizando medidas voltadas ao fortalecimento da produção agrícola, ao controle da inflação e a uma comunicação mais eficaz das ações governamentais junto à sociedade", explicou o diretor.

Eleições

A pesquisa testou quatro cenários estimulados de primeiro turno, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados. No primeiro cenário, Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aparecem tecnicamente empatados dentro da margem de erro, com 30,3% e 30,1%, respectivamente. Ciro Gomes (PDT) surge em terceiro lugar (9,8%), seguido pelos 6,7% do empresário Pablo Marçal (PRTB).

O ex-presidente, no entanto, está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Diante disso, a pesquisa testou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal e filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como substitutos. Neste cenário, Lula aparece com uma larga vantagem sobre os oponentes, recebendo 30,4%, seguido por Ciro (14,3%), Tarcísio (14%) e Marçal (13,2%). Com números parecidos, Lula lidera o terceiro cenário com 31,1%; Ciro (13,2%), Eduardo (13,1%) e Pablo Marçal (11,9%) aparecem em seguida.

No quarto cenário, o ministro da Economia, Fernando Haddad (PT), é colocado no lugar de Lula. Neste, Ciro fica na frente com 19,7%, Haddad obtém 16,2%, Tarcísio tem 14,4% e Marçal 14%. Os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), aparecem nas simulações, mas com menos de 6% em todas.

Bolsonaro

Por outro lado, pesa sobre Bolsonaro a recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de tentativa de golpe de Estado nas eleições de 2022. Para 56%, ele está de alguma forma envolvido. O levantamento da CNT revelou que 26,9% da população acredita que Bolsonaro é o principal responsável pelo suposto planejamento golpista.

A pesquisa tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.