Como adiantara o Correio da Manhã na sua edição de terça-feira (25), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciou nesta terça-feira (25) oficialmente o processo de reforma ministerial, anunciando a demissão de Nísia Trindade do comando do Ministério da Saúde. A pasta será agora assumida por Alexandre Padilha, que deixará o cargo de ministro das Relações Institucionais. A decisão, que já vinha sendo aguardada há dias, foi oficializada pela Secretaria de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto por volta das 19h, após uma série de encontros com representantes do governo.
A saída de Trindade já era prevista, e sua demissão se deu após semanas de fritura e pressão. Porém, como adiantado pelo Correio da Manhã, as especulações estavam causando chateação e um clima ruim no ministério, já que o comunicado formal ainda não havia chegado a ela, embora desde a semana passada Lula já confirmasse a troca com diversos interlocutores.
Antes de assumir a pasta, em janeiro de 2023, ela ocupava o posto de presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desde 2017. Essa não é a primeira vez que o presidente demora a fazer o anúncio de mudanças em seu governo que já estão acertadas e sendo noticiadas pela imprensa.
Vacinas
Vista como uma despedida, a troca aconteceu horas depois de Lula e Nísia participarem da cerimônia de assinatura do acordo para produção da primeira vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 100% nacional e de dose única, contra a dengue. A iniciativa prevê que, a partir de 2026, serão 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação conforme a demanda e a capacidade produtiva. Em seguida, o presidente se reuniu a sós com a ex-ministra e com Padilha para comunicá-los. Os encontros foram realizados fora da agenda.
Segundo interlocutores do governo, a avaliação é que embora possua conhecimento técnico para a vaga, sua falta de articulação política a atrapalhou no processo.
Além disso, Nísia esteve envolvida em desgastes durante a gestão que não conseguiu contornar. Uma das situações mais graves foi noticiada com exclusividade pela coluna Magnavita no Correio da Manhã. Depois de destinar R$ 55 milhões para Cabo Frio (RJ), o filho de Nísia, o músico Marcio Lima Sampaio foi nomeado secretário de Cultura do município. Além disso, aconteceram recordes dos casos de dengue e o vencimento de cerca de 58 milhões de imunizantes em 2024.
Em comunicado breve, a Secom informou que a posse de Padilha será realizada na próxima quinta-feira (6), depois do carnaval, e que o presidente “agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério”.
Padilha é médico infectologista com doutorado em Saude Coletiva pela Universidade de Campinas (Unicamp). Ele é deputado federal licenciado para ocupar a cadeira na Esplanada e já esteve à frente do Ministério da Saúde na primeira gestão de Dilma, de 2011 a 2014. Também foi secretário municipal da Saúde de São Paulo, entre 2015 e 2017, durante a gestão de Fernando Haddad (PT).
Relações Institucionais
Embora ainda não tenha sido confirmado quem ocupará a vaga deixada por Padilha na articulação política com o Congresso, nos bastidores, crescem as especulações sobre possíveis nomes. Dentre os cotados, destaca-se o atual ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos de Pernambuco. Recentemente, Lula fez elogios públicos à Costa Filho, e sua indicação representaria uma aproximação com o Centrão.
Outros nomes mencionados para a vaga de ministro das Relações Institucionais são o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Caso a decisão se baseasse exclusivamente na confiança política, o favorito seria o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara.
Ainda nesta semana, outras mudanças devem ser anunciadas. Há expectativas de que até sexta-feira (28) a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR), seja anunciada para o lugar de Márcio Macedo, na Secretaria-Geral da Presidência da República. Em seu lugar no comando da sigla, Lula já mencionou que deseja nomear o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT).