Natural de Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, Michelle Bolsonaro tem 42 anos. É a terceira esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que conheceu quando era secretária da liderança do PP na Câmara dos Deputados. Desde o início do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi ganhando projeção política. Com ela, primeira vez uma primeira-dama discursou no Parlatório do Palácio do Planalto durante a cerimônia de posse. A projeção faz agora Michelle ser um nome cotado tanto para o Senado no DF quanto até para a Presidência da República como alternativa a Bolsonaro, que está inelegível.
Nascida em União da Vitória, no Paraná, Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, tem 58 anos. É também a terceira esposa do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. A socióloga é filiada ao PT, o partido de Lula, desde 1983, quando tinha 17 anos. Conheceu Lula na década de 1990, e começou a se relacionar com o atual presidente em 2018, o ano que ele ficou um ano e sete meses preso na sede da Polícia Federal em Curitiba. O semanário argentino Revista Noticias chegou a compará-la numa reportagem a Evita Perón, mulher do ex-presidente da Argentina Juan Carlos Perón.
Janja
Igualadas em termos de importância política, Michelle e Janja são agora as protagonistas de uma guerra entre o governo e a oposição. No início de fevereiro, os partidos de oposição ao governo Lula começaram a apresentar uma série de requerimentos de informação questionando os gastos e atividades de Janja da Silva no governo. Os requerimentos são encabeçados pelo líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), como o apoio de outros parlamentares.
Os pedidos são endereçados a cinco ministros do atual governo: Rui Costa, da Casa Civil; Vinicius de Carvalho, da Controladoria-Geral da União; Mauro Vieira, das Relações Exteriores; Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento.
Os requerimentos primeiro questionam qual é a condição funcional de Janja, para exercer algumas das suas atividades. No aniversário do 8 de janeiro de 2023, por exemplo, foi Janja quem abriu as cerimônias ao apresentar o relógio que pertenceu a Dom João VI e outras obras de arte que foram restauradas. Ela também já representou o presidente e o vice-presidente Geraldo Alckmin em mais de um evento. Assim, a partir daí, Zucco pergunta que gastos o país já teve com as atividades de Janja. Alguns desses gastos foram colocados por Lula sob sigilo.
Michelle
Como reação aos requerimentos apresentados por Zucco, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), resolveu fazer o mesmo com Michelle Bolsonaro. No final da semana passada, ele também apresentou uma série de requerimentos para investigar gastos que Michelle teve como primeira-dama.
“Cada requerimento sobre Janja, vamos apresentar dois sobre Michelle”, avisou Lindbergh nas redes sociais. Da mesma forma, Lindbergh questiona gastos com deslocamentos e outras despesas de Michelle. Mas vai além: num ofício ao Ministério Público, formaliza uma representação criminal e por improbidade administrativa, com base em reportagens de jornais. No caso, o questionamento refere-se a uma movimentação financeira de R$ 32 milhões da empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção. Segundo a denúncia, parte dessa movimentação teria sido desviada para Michelle. Lindbergh menciona também gastos com cartão corporativo. Há ainda ofícios à Polícia Federal, à Controladoria-Geral da União e sobre o programa Pátria Voluntária, que Michelle geria durante o governo Bolsonaro.
Em nota, o PL Mulher, que Michelle preside, classificou a ação de Lindbergh como política. "Assim como todas as denúncias feitas contra Michelle e sua família, desde antes da eleição de Bolsonaro, uma a uma, elas vão caindo por terra", diz a nota.