Por Marcello Sigwalt
Situação alarmante que tomou proporções epidêmicas, ante à recorrente omissão, tanto das autoridades competentes, quando da sociedade em geral, a quantidade de colisões envolvendo motocicletas disparou no Rio de Janeiro. De acordo com dados do Corpo de Bombeiros Militar (CBMERJ), em cada quatro acidentes de trânsito atendidos pela corporação, em 2023, três correspondiam à participação dos veículos de duas rodas.
De um total de 27.161 ocorrências, em 20.877 delas, as motos estavam presentes, o que equivaleria a um acidente com motocicleta a cada 25 minutos. Em outro cálculo, embora tal meio de transporte responda por apenas 16% da frota da capital fluminense, ele se faz presente em 77% dos acidentes, e 76% das vítimas socorridas - 8.028 dos 10.531 atendimentos prestados pelos bombeiros.
No setor da saúde, o quadro não é diferente. Nos hospitais da rede municipal, houve aumento de 32% nos atendimentos a motociclistas, apenas no lapso de um ano, o que corresponde a 19 mil casos, no ano passado. Somente no Hospital Municipal Miguel Couto, especializado em trauma, o contingente de pacientes acidentados com moto saltou 50%, igualmente em um ano.
Na avaliação de especialistas, a taxa elevada de acidentes está diretamente associada ao 'comportamento de risco' no trânsito, como circulação em alta velocidade pela via, desrespeito aos sinais de trânsito e pilotagem sem capacete. Outro fato que agrava a situação é o crescimento exponencial de mototaxista e entregadores por aplicativo, que não contou com a respectiva fiscalização.
Sobre as ocorrências crescentes, "o diretor do Hospital Miguel Couto e ortopedista Cristiano Chame, acrescenta que "muitos desses pacientes precisam de reabilitação funcional e podem demorar meses para voltar ao trabalho. Além disso, a alta demanda por leitos pode comprometer a realização de outras cirurgias na rede pública", explica.