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Representa 75% da violência contra civis

A matança rendeu a Duterte uma investigação no TPI, corte sediada em Haia responsável por processar indivíduos devido a violações que incluem crimes contra a humanidade e genocídio, por exemplo. Sua defesa repete o que o líder costuma dizer quando questionado sobre possíveis ilegalidades em suas medidas - ele não teria ordenado que a polícia matasse suspeitos de tráfico, a menos que fosse em legítima defesa.

A declaração diverge das frases de sua vitoriosa campanha nas eleições de 2016. Naquele ano, ele prometeu perdão aos integrantes da força de segurança envolvidos em "homicídios múltiplos" e falou, em entrevista à agência de notícias Reuters, em "matar cinco criminosos por semana".

Foi o tipo de retórica que, segundo o pesquisador de direitos humanos Karl Arvin F. Hapal, professor assistente da Universidade das Filipinas, rendeu popularidade ao político em um país em que a violência era um problema com frequência sobreposto a outros, como desemprego e inflação.

"O que Duterte fez foi colocar o crime violento - especificamente aqueles perpetrados por dependentes químicos - no centro do discurso público. As histórias macabras que ele contava tornaram esse tipo de crime uma questão emocional que apela a muitos filipinos, especialmente porque diz respeito à segurança pessoal", afirma Hapal.

Em 2015, antes de o líder chegar ao poder, cerca de 1,8 milhão de pessoas eram usuárias de drogas no país, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre a Natureza e a Extensão do Abuso de Drogas da Presidência - isso em um universo de 110 milhões de pessoas que moram no arquipélago do oceano Pacífico.

O número não é alarmante, o que não o impediu de colocar o usuário de drogas como alvo de seu governo.

Nos primeiros meses de seu governo, casos de violência dispararam nas Filipinas. O pico ocorreu entre julho de 2016 e outubro de 2017, chegando ao máximo de 34 eventos no dia 3 de agosto de 2016. Entre todos os dias analisados, 75% dos eventos registrados tiveram a morte de pelo menos uma pessoa.