Por: Gabriela Gallo

Lula viaja ao Japão para tentar acordo para Mercosul

Primeiro-ministro do Japão esteve no Brasil em 2024 | Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará viagem ao Japão e ao Vietnã. Ele aterriza em território japonês nesta segunda-feira (24) e na sexta-feira (28) seguirá para o Vietnã. Na programação prevista em sua agenda no Japão, o presidente negociará a abertura do mercado japonês para a carne bovina brasileira. Além disso, tentará avançar nas negociações para um acordo comercial entre o Japão e o Mercosul. Já no Vietnã, o governo visa elevar o país ao nível de Parceiro Estratégico do Brasil, uma relação superior à que os dois países mantém atualmente. Dentre os países do Sudeste Asiático, apenas a Indonésia é um parceiro estratégico do Brasil.

Além de ministros, também viajaram na comitiva presidencial os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Os antigos presidentes de ambas as Casas, deputado Arthur Lira (PP-AL) e senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também embarcaram para os países asiáticos.

Relações

Esta é a primeira viagem internacional do presidente brasileiro desde sua recuperação plena após drenar um edema cerebral, tal como a primeira viagem internacional desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (partido republicano), foi eleito. Desde que assumiu, Trump vem realizando promessas de campanha e vem adotando uma política tarifária protecionista, aplicando elevadas alíquotas na importação de produtos estrangeiros. No caso do Brasil, o aço e o alumínio foram taxados em 25%, o que gerou uma série de trocas de farpas entre os presidentes de ambos os países.

Ao Correio da Manhã, a advogada especialista em direito internacional Hanna Gomes destacou que a viagem “é um movimento estratégico do Brasil para expandir a presença do país na Ásia”.

“[A Ásia], que é um mercado em crescimento e representa uma oportunidade de diversificação para as commodities brasileiras e reduzir a dependência dos Estados Unidos, diante do atual cenário de instabilidade e insegurança”, declarou Hanna.

Carne Bovina

Ela completou que a viagem “sinaliza que a política protecionista americana não vai frear o Brasil, na tendência de buscar novos parceiros comerciais”, especialmente se o governo brasileiro conseguir firmar acordos de exportação de carne bovina com o governo japonês.

“Em específico, um acordo sobre a exportação de carne bovina para o Japão representa significativos ganhos para o Brasil e para o Mercosul, considerando o volume e a qualidade da nossa produção, e isso pode refletir no comércio de outros produtos, facilitando novos e diversificados acordos comerciais”, reforçou a advogada.

Segundo informações do Palácio do Itamaraty, um dos objetivos é firmar um compromisso político do Japão para que envie ao Brasil uma missão técnica das autoridades sanitárias japonesas para inspecionar as condições da produção de carne bovina do país. A medida é um passo necessário para que o Brasil tenha acesso ao mercado de carne bovina japonês. Em maio do ano passado, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, esteve no Brasil para se encontrar com Lula e, no encontro, o brasileiro reforçou a reinvindicação para ter acesso ao mercado de carne bovina – mercado que o Brasil tenta se integrar desde 2006, sem sucesso, segundo o Ministério de Relações Exteriores.
Por questões geográficas do território japonês, o país importa 70% da carne bovina que consome, o equivalente a US$ 4 bilhões de dólares ao ano. Desse total, atualmente, 80% são importados dos Estados Unidos e da Austrália, históricos aliados do país asiático.