Por: POR FERNANDO MOLICA

CORREIO BASTIDORES | Centrão ampliado: cautela no caso Bolsonaro

Nunes publicou post protocolar sobre denúncia | Foto: Reprodução/Redes sociais

O Centrão ampliado não quer saber de comprar briga na peleja de Jair Bolsonaro com a Procuradoria-Geral da República, com o ministro Alexandre de Moraes e, no limite, com o governo federal. Por enquanto, a ordem é esperar o que vai acontecer.

A reação discreta e protocolar do prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), à denúncia apresentada contra o ex-presidente foi o maior sinal dessa postura.

Em post, ressaltou o direito de ampla defesa e ao contraditório — até o presidente Lula já usou palavras parecidas para se referir ao caso de Bolsonaro.

Na conclusão, nenhuma palavra sobre a inocência do ex-capitão: "Confio no espírito público e democrático do Presidente Bolsonaro", disse Nunes.

 

Sem anistia

Há quem também veja na secura de Nunes uma vingança do prefeito em relação ao tratamento dúbio que recebeu de Bolsonaro na campanha eleitoral. Mas a falta de entusiasmo da centro-direita com a anistia revela o cuidado de evitar contaminações.

Essenciais

O grande dilema, mais uma vez, é que a direita que se coloca como civilizada, o que inclui o Centrão, não pode brigar com os eleitores bolsonaristas. Os votos da extrema direita são essenciais para quem tentar encarnar o antipetismo na eleição presidencial de 2026.

Fiocruz criará Plano de Ação contra a violência

Mario Moreira: situação afeta saúde mental | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Presidente da Fiocruz, Mario Moreira anunciou ao Conselho Deliberativo da entidade a criação de um Plano de Ação para ao menos mitigar as consequências da violência.

Uma das mais importantes instituições científicas do país, a Fiocruz e seus funcionários sofrem, com muita frequência, consequências de operações policiais realizadas em favelas vizinhas.

Dois de seus maiores complexos de instalações ficam na Avenida Brasil, área de comunidades como as da Maré.

Em comunicado publicado no Youtube, Moreira disse que a violência tem deixado marcas profundas e afetado a saúde mental "de todos".

Transporte

Moreira frisou que, no dia 12, ação da polícia no Complexo de Israel, também às margens da Brasil, afetou funcionários da Fiocruz que utilizam cinco linhas do transporte coletivo da instituição foram expostas a tumultos. Sequer foi possível adotar rotas alternativas.

130 operações

Levantamento feito pelo Correio Bastidores em dados disponíveis no site do Ministério Público do Rio revela que, entre 14/06/2020 e 29/01/2025, as polícias fluminenses registraram a ocorrência de 130 operações em favelas do Complexo da Maré: uma a cada 13 dias.

Críticas

Mesmo assim, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o prefeito Eduardo Paes (PDS) criticam decisão do Supremo Tribunal Federal que, em 2020, estabeleceu normas para operações policiais em favelas. As ações têm que ser comunicadas ao Ministério Público.

2,84 por dia

A lista de operações tem 300 páginas — cada uma tem, em média, o registro de 16 dessas ações. Desde o início da vigência da ADPF 635, as polícias fizeram 4.800 incursões em favelas, 2,84 por dia. Pela decisão do STF, as operações só podem ocorrer em casos excepcionais.