Aos 54 anos, com uma barba grisalha, nada condizente com a carinha de menino que tinha nos tempos de "Sociedade dos Poetas Mortos" (1989), Ethan Hawke dispara na competição da 75ª Berlinale como um potencial ímã de prêmios por seu (hilário) desempenho em "Blue Moon".
É a nova parceria entre ele e o diretor Richard Linklater, seu parceiro em "Boyhood" (2014) e na trilogia iniciada em "Antes do Amanhecer" (1995-2013), com Julie Delpy ao lado deles.
Numa nova sinergia, o cineasta e o astro revisitam a saga do letrista Lorenz Hart (1895-1943), que enfrenta corajosamente o futuro à medida que sua vida (profissional e privada) desanda em goladas contínuas em destilados de alto teor alcoólico.
Tudo se passa no bar Sardi's, durante a festa de abertura do novo espetáculo (o fenômeno "Oklahoma!") de seu ex-parceiro Richard Rodgers (1902-1979), interpretado por Andrew Scott (de "Ripley"). Naquela noite de 31 de março de 1943, Lorenz vai escancarar todos os seus demônios, à espera de um cafuné da poeta Elizabeth (papel de Margaret Qualley). A destreza cômica de Hawke é notável. (R.F.)