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Economia mundial em queda afeta Brasil

A economia mundial caminha para uma desaceleração com prejuízos generalizados, e o Brasil não é uma exceção, com o País provavelmente tendo perdas por conta da preocupação excessiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o aço. Além disso, o juro alto, a inflação resistente e o contexto de disputa presidencial que já se desenha para as eleições de 2026 complicam o quadro para o País, na avaliação de economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) no I Seminário de Análise Conjuntural, realizado pelo Ibre/FGV e pelo Estadão, nesta quinta-feira, 13.

Para o chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, José Júlio Senna, a chance de que Trump alcance o objetivo de "fazer a América grande novamente", girando em torno da perspectiva de reconstrução da indústria americana, "é quase zero, mínima realmente". "É até curioso, porque no mundo inteiro o segmento industrial destruiu empregos", afirmou.

Ele ressaltou que os indicadores dos primeiros meses de governo Trump já mostram uma desconfiança maior. "O acordo comercial entre Canadá, México e EUA foi negociado pelo próprio Trump na sua primeira administração, então ele mesmo assume e desfaz: como você vai confiar num país desse tipo?", questionou.

Senna avaliou que a tributação "excepcional" sobre aço e alumínio vem do pensamento de uma frase do próprio Trump de que o "país que não tem aço não é país". Assim, o presidente quer produzir aço dentro dos EUA, "o que é uma visão estreita em uma situação que poderia ser resolvida de outra maneira".

Enquanto isso, no Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostra uma inflação "super resistente", o que indica um "momento desafiante para a política econômica". Contudo, os objetivos políticos estão vindo na contramão do que a gestão de uma política econômica recomendaria, na avaliação de Armando Castelar, pesquisador associado do Ibre/FGV.

"Há um processo de desaceleração que até certo ponto surpreendeu. Os primeiros dados do PIB estão vindo relativamente fracos. Já a inflação segue resistente nos últimos 12 meses", conclui Castelar.