Por Igor Gielow (Folhapress)
Horas após Vladimir Putin e Volodimir Zelenski concordarem com um cessar-fogo parcial de 30 dias na Guerra da Ucrânia que envolvesse apenas a pausa nos ataques à infraestrutura energética, ambos os lados se atacaram.
Os primeiros relatos foram de ações russas, com explosões relatadas em Kiev enquanto o presidente ucraniano falava em rede social a partir da Finlândia que os termos concordados por Putin em telefonema com o americano Donald Trump eram aceitáveis, na noite de terça (18).
Ao longo da noite e madrugada de quarta (19), contudo, a linha foi borrada. Houve uma grande troca de ataques com drones. Kiev disse ter destruído 72 de 145 lançados pelos russos, enquanto Moscou relatou apenas ter abatido 57 aviões-robôs, 35 deles sobre a região meridional de Kursk.
São números compatíveis com as médias recentes e embutem uma sinalização: não houve emprego de mísseis de cruzeiro ou balísticos, mais mortíferos. Foram atingidos, de todo modo, alvos que deveriam ser poupados a depreender do que foi divulgado na terça: uma estação de distribuição de energia para a rede ferroviária e um hospital de Sumi (nordeste ucraniano), um depósito de petróleo de Krasnodar (sul russo).
Como seria previsível ante sua posição escanteada nas conversas e a degradação avançada de sua rede enegética, Kiev gritou mais alto. Zelenski afirmou nesta quarta que os ataques provavam que os russos seguem na ofensiva.
Ao mesmo tempo, ao lado presidente finlandês, Alexander Stubb, afirmou "esperar que eventualmente haja um cessar-fogo". O ucraniano fala nesta quarta com Trump. Antes, houve a combinada troca de 175 prisioneiros de guerra de cada lado com os russo, conforme acertado no telefonema entre o americano e o russo.
Aliados europeus de Kiev também saíram em defesa dos ucranianos. "Putin está jogando um jogo aqui e eu tenho certeza de que o presidente americano não poderá ficar sentado observando isso por muito mais tempo", disse o ministro alemão Boris Pistorius (Defesa), à TV ZDF.
O Kremlin foi na mesma linha. Nesta quarta, o porta-voz Dmitri Peskov afirmou que a Ucrânia não está comprometida com a trégua. Ele chegou a dizer que os militares russos até abortaram um ataque, derrubando sete de seus próprios drones, após a conversa entre os líderes.